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    Mônica Bergamo

    Delação é a última opção, diz advogado de deputado da mala

    29/05/2017 21h15

    Bruno Santos/Folhapress
    SAO PAULO, SP, BRASIL, 19-05-2017: O deputado federal Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) chega de Nova York no Aeroporto de Guarulhos, após ter seu citado na delação de executivos da JBS. (Foto: Bruno Santos/ Folhapress) *** FSP-PODER *** EXCLUSIVO FOLHA***
    Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), que foi gravado por Joesley Batista, um dos sócios da JBS

    O advogado Cezar Bittencourt, que assumiu nesta segunda (29) a defesa do deputado afastado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), afirmou à Folha que a hipótese de seu cliente negociar um acordo de colaboração premiada com o Ministério Público Federal "é a última opção" que poderia ser adotada por ele.

    "Eu não penso nisso, nem ele", diz Bittencourt. "Concretamente, se o último recurso que ele precisar usar for esse [delação premiada], eu vou ter que iniciar uma conversação [com os procuradores]. Mas essa não é a primeira, nem a segunda, nem a terceira, nem a quarta, nem a quinta opção. É a última", diz o criminalista.

    Rocha Loures foi gravado por um executivo da JBS recebendo uma mala de R$ 500 mil. Os recursos, dizem os delatores, seriam destinados ao presidente Michel Temer.

    O advogado diz que o flagrante foi provocado, o que seria ilegal. Afirma também que uma pessoa só pode gravar a outra, como foi feito com Loures, se for para se defender, "jamais para acusar".

    "Criaram uma armadilha, uma situação fantasiosa para incriminar alguém. Como, aliás, fizeram com o presidente", diz o defensor, referindo-se à gravação que Joesley Batista, um dos donos da JBS, fez com Temer.

    Bittencourt esclarece que foi contratado pelo pai de Rocha Loures. "Não tive ainda maiores contatos com ele. Mas os dois sabem de meu posicionamento [contrário às delações negociadas pela Operação Lava Jato]", diz.

    O advogado é um crítico feroz da forma como as negociações de colaboração vêm sendo conduzidas no país e já publicou inclusive artigos sobre o tema.

    "Elas até podem ser legais, mas em nenhum lugar do mundo são feitas dessa forma como no Brasil. A Europa, os EUA, todos estão estarrecidos com o que está acontecendo no país, com a manipulação da tal de delação."

    Ele segue: "Delação não é isso que está sendo feito no Brasil. Todo mundo delatando? Isso não exste. No processo do Antonio Palocci há 15 réus, e 13 são delatores. Imagina só!".

    Ele critica também os benefícios concedidos aos donos da JBS na negociação de colaboração.

    Como faz uma acordo com os maiores ladrões do país e eles vão embora daqui depois de dar uma gorjeta para o Ministério Público?", questiona.

    "Ou seja, o Ministério Publico dá o que quiser para atingir o que quer. Não tem sentido, pelo amor de Deus", finaliza.

    mônica bergamo

    Jornalista, assina coluna com informações sobre diversas áreas, entre elas, política, moda e coluna social. Está na Folha desde abril de 1999. Escreve diariamente.

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