• Colunistas

    Wednesday, 01-May-2024 19:55:26 -03
    Mônica Bergamo

    Gentili defende 'separar público do privado' após vídeo contra deputada

    30/05/2017 18h22

    O apresentador Danilo Gentili, do SBT, decidiu se manifestar por meio de nota sobre as críticas após um vídeo em que rasga uma notificação enviada a ele em nome da deputada Maria do Rosário Nunes (PT) e coloca os pedaços de papel dentro da cueca.

    Ele diz no comunicado que a parlamentar, "usando a máquina pública e a assessoria jurídica da Câmara dos Deputados, buscou intimidar e censurar, sob ameaça de processo judicial, um cidadão comum em razão de tweet que nada tem a ver com a sua condição de deputada".

    "O mínimo que ela deveria fazer era ter contratado um advogado particular para enviar a notificação, e não se valer do aparato público. A situação atual do país é esta porque boa parte dos políticos é incapaz de separar o público do privado", afirma Gentili.

    A nota foi enviada à coluna por seu advogado, Maurício Bunazar.

    A notificação ao comediante, que traz no cabeçalho o nome da Procuradoria Parlamentar da Câmara, foi em razão de publicações, feitas por ele na rede social Twitter, em que satiriza a petista.

    Segundo a Câmara, "a Procuradoria Parlamentar tem como finalidade defender a instituição, seus órgãos e seus integrantes no exercício do mandato ou de suas funções institucionais, quando atingidos em sua honra ou imagem perante a sociedade".

    O funcionamento do setor obedece ao regimento interno da Casa.

    Ainda nas imagens, Gentili tira os papéis picados da sua roupa íntima e os coloca num envelope, que ele leva a uma agência dos Correios e despacha para o endereço da parlamentar.

    Maria do Rosário reagiu ao vídeo com a expressão "criminoso". "Sofri outro ataque daquele que se diz comediante. Comprova viés machista e autoritário", escreveu também no Twitter, informando que o caso está sendo tratado na esfera jurídica.

    *

    Leia a íntegra da nota do apresentador Danilo Gentili:

    "Parte da imprensa se manifestou criticamente em relação ao vídeo em que devolvo à Deputada Maria do Rosário a notificação pela qual ela pretendia me censurar.

    O curioso é que o fato mais chocante não teve qualquer destaque: uma deputada federal, usando a máquina pública e a assessoria jurídica da Câmara dos Deputados, buscou intimidar e censurar, sob ameaça de processo judicial, um cidadão comum em razão de tweet que nada tem a ver com a sua condição de deputada (a saber: tirei sarro do fato de ela se dizer defensora das mulheres e, ao mesmo tempo, afirmar ser compreensível que um homem que se sinta ofendido por uma mulher cuspa na cara dela e, também, do fato de ela achar elogioso dizer a uma mulher nordestina que ela tem o "grelo duro").

    A ideia mais elementar de República pressupõe a separação entre o público e o privado. Como os tweets que fiz nada tinham a ver com a condição dela de deputada, o mínimo que ela deveria fazer era ter contratado um advogado particular para enviar a notificação, e não se valer do aparato público.

    A situação atual do país é esta porque boa parte dos políticos é incapaz de separar o público do privado, aliás, o partido da deputada tem ótimos exemplos a oferecer."

    mônica bergamo

    Jornalista, assina coluna com informações sobre diversas áreas, entre elas, política, moda e coluna social. Está na Folha desde abril de 1999. Escreve diariamente.

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024