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    Mônica Bergamo

    Fui bombardeado por essa crise, diz ministro da Cultura após pedir demissão

    16/06/2017 14h52

    Bruno Poletti - 20.jul.2016/Folhapress
    O ministro interino da Cultura João Batista Andrade

    Após pedir demissão do Ministério da Cultura nesta sexta (16), o ministro interino João Batista Andrade diz que quer ficar longe da administração pública.

    "Não quero voltar. Quero retomar minha carreira como cineasta e escritor", diz Batista, que se antecipou à uma mudança inevitável no ministério após desgastes envolvendo a nomeação da presidência da Ancine (Agência Nacional de Cinema).

    Com apoio do setor, Batista indicou a produtora Debora Ivanov para a presidência da entidade, mas o governo Temer não confirmou a indicação pois prefere o nome de Sérgio Sá Leitão.

    "Não tenho nada contra o Sérgio, mas o que o governo tinha combinado é que a indicação do presidente da agência seria feita pelo ministro da Cultura", diz Batista. "A Ancine é uma entidade vinculada ao MinC. Não faz sentido que o ministro não possa indicar os nomes."

    Batista também havia sugerido que Jorge Peregrino, executivo da área de distribuição, ocupasse a quarta vaga na diretoria colegiada da agência. "Fiquei sabendo pelo Diário Oficial que o governo havia nomeado outra pessoa", afirma o cineasta. A gerente cultural Fernanda Farah Zorman foi anunciada na quarta (14).

    O ministro interino não discutiu a demissão com o PPS, partido ao qual é filiado. "Não tenho que pedir permissão. Mas fiz a gentileza de ligar e avisar o [presidente do partido] Roberto Freire, porque era uma decisão pesada. Eu saindo, o ministério fica sem ministro e sem secretário-executivo", diz Batista, que era o número dois da pasta antes de assumir interinamente. Freire, que ocupava o ministério até o mês passado, apoiou a decisão.

    Batista não critica diretamente o presidente Michel Temer, mas afirma que houve um processo de saturação com governo e desrespeito em relação ao ministério. "Fui bombardeado por essa crise, que dolorosamente separa amigos, e cria uma situação inviável para a cultura no país. O ambiente hoje não é propício a uma boa política cultural. Eu não quero participar de uma roleta pelo cargo, vim para cá para fazer política cultural, não para ter um emprego", afirma.

    mônica bergamo

    Jornalista, assina coluna com informações sobre diversas áreas, entre elas, política, moda e coluna social. Está na Folha desde abril de 1999. Escreve diariamente.

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