• Colunistas

    Wednesday, 01-May-2024 11:14:22 -03
    Mônica Bergamo

    Marcelo de Carvalho diz que Luciana Gimenez "morre de ciúmes" dele

    20/08/2017 02h00

    Marcelo de Carvalho, 55, abre a porta do banheiro de sua sala na RedeTV! e sai lá de dentro, andando rápido e abotoando o punho da camisa. "Agora vai entrar aqui um cara mui-to le-gal! Cadê ele?"

    *

    Seria João Kléber, o apresentador que ficou famoso pelas cenas de traição de casais no "Teste de Fidelidade"? Boris Casoy, o âncora do principal telejornal da emissora? Ou Amilcare Dallevo, seu sócio e também casado com uma apresentadora da casa, Daniela Albuquerque?

    *

    Não, é Lorenzo, o filho de seis anos de Carvalho com Luciana Gimenez, outra artista da RedeTV!. Quando se casou com a ex-modelo, em 2006, o empresário era só acionista da emissora. Desde 2010 é também apresentador e hoje tem um game show aos sábados, "O Céu É o Limite".

    *

    O garoto está de passagem pelo local de trabalho dos pais, em Osasco, após tirar sua carteira de identidade (nascido em Nova York, ele só tinha passaporte). Esperto e desinibido, não desgruda do pai, que troca de roupa para gravar o programa. "Ele tá passando um perfume fedido!", reclama Lorenzo. Carvalho ri.

    *

    Sobre a mulher, diz, ao repórter Joelmir Tavares: "Ela mooorre de ciúmes de mim, e eu não tenho ciúme de nada. Muito pouco ela assiste ao meu programa, muito pouco ela dá pitaco e muito ela não gosta. Tem ciúme total, odeia. Ela diz: 'Eu não casei com apresentador, eu casei com empresário'. Se pudesse, ela dinamitava o palco".

    *

    Afirma, no entanto, que a situação não gera conflitos no casamento "porque a gente simplesmente não fala do assunto em casa. Nem tenho rede social, porque ela tem certeza de que eu teria para galinhar mulheres. E [em tom de troça] é a absoluta verdade".

    *

    "Eu acho a Luciana linda, desejável, charmosa, então penso que ela tem mais é que usar roupa sexy, provocante, fazer poses inusitadas. Ela é uma personalidade midiática e as personalidades midiáticas fazem isso. Não tenho o menor ciúme", conta.

    *

    "Infelizmente sou 20% apresentador e 80% empresário. Gostaria que fosse o contrário", diz. Toma o rumo do estúdio, com o filho ao lado, e cruza corredores no moderno prédio da emissora.

    *

    Passa ao lado do departamento comercial e dá um recado cifrado a um funcionário sobre assunto de conhecimento dos dois: "Vamos esperar pagar. A hora que depositar a terceira lá, eu vou dar uma porrada. Deixa comigo".

    *

    Formado em engenharia química e, como se define, "o único executivo, acionista de TV, que trabalhou na Rede Globo no auge, na década de 1980", ele diz que ainda "pega pastinha" e negocia com anunciantes, como nos tempos de representante comercial da concorrente. "Devo ter algum micróbio, que essa coisa de vendas não sai de mim!"

    *

    "Hoje temos executivos que tocam o dia a dia. Mas eu e o Amilcare comparecemos para dar a cadência... Nos EUA se faz plano quinquenal. Aqui no Brasil quem fizer plano quinquenal quebrou." Suas reflexões sobre negócios, política e economia são cheias de referências aos americanos e de exemplos com números.

    *

    É assim ao defender as reformas tocadas pelo governo Michel Temer, como a previdenciária e a trabalhista. "Como é possível que os EUA tenham tido 75 mil novas ações trabalhistas no ano passado e o Brasil, 3 milhões?"

    *

    Já há algum tempo, temas que interferem na vida das pessoas para além de sua empresa e de sua casa (num condomínio de luxo na Cidade Jardim, bairro nobre de São Paulo) vêm mexendo com a cabeça de Carvalho. Engajar-se na vida pública, em vez de "só criticar", diz, "é uma obrigação da pessoa de bem e que não quer ver isso aqui [Brasil] afundar, pelos seus filhos".

    *

    Fala cada vez mais em entrar para a política. "O bicho me picou? Me picou. Tenho interesse? Tenho. Eu faria? Faria. Agora? Não, agora não dá. Não tenho a menor condição, num momento de ebulição do nosso mercado", despista.

    *

    Já foi sondado por partidos, mas não se filiou ainda a nenhum. E jura que qualquer plano de pôr seu nome nas urnas é só para depois de 2018. As comparações com o presidente americano, Donald Trump, e com o prefeito da capital, João Doria (PSDB), serão inevitáveis —ambos vieram do setor privado e se popularizaram na TV. O sócio da RedeTV! diz que trabalhar no meio o deixou com "casco de tartaruga" para ouvir críticas.

    *

    "Conheço o João há mais de 30 anos. Ele tá com a vida dele feita, tá vivendo bem, tá rico, tá feliz, todos os filhos felizes, mulher feliz. Mas ele saltou da zona de conforto e tá aí dando a cara para bater. Para ele, ficar bebendo vinho o resto da vida e andando de avião tava numa boa. Beber vinho não, porque ele não bebe nada. É muito chato. Falei para ele: 'João, você é um péssimo amigo para passar fim de semana!'", diverte-se.

    *

    Piadista atrás e na frente das câmeras, Carvalho entra no cenário do programa sob aplausos e gritinhos da plateia de 150 pessoas. Lorenzo fica na beira do palco, fotografando o pai e imitando seus gestos. O empresário adora falar das semelhanças com o caçula (ele tem mais três filhos). "Acordo com o maior bom humor do mundo, e ele também. Já a Luciana e o Lucas [filho dela com Mick Jagger ] acordam chutando cachorro."

    *

    Na atração, os participantes podem ganhar prêmios de até R$ 1 milhão. "Meu plano como apresentador é não fazer absolutamente nada além disso. Já recusei, dentro daqui e convites de TVs a cabo, propostas para fazer talk show, falar de política, apresentar um negócio tipo 'Roda Viva'. Não quero. Gosto de programa de auditório com concurso de prêmio", afirma.

    *

    "Sabe por que admiro tanto o Silvio Santos como apresentador? Porque nitidamente ele está fazendo o que gosta. Tem apresentadores que ganham fortunas e você tem a impressão de que o cara está de saco cheio daquilo."

    *

    No Carnaval deste ano, a emissora exibiu ao vivo as partes íntimas de uma modelo, coberta só por uma pintura verde, que se agachou diante da câmera. "Mostrou o fiofó!", resume o dono da empresa. A cena gerou polêmica —e muitos memes. "Achei sensacional! Se até no Oscar, um dos eventos mais televisionados do mundo, o sujeito erra ao dar o prêmio de melhor filme, evidentemente que em qualquer transmissão é passível de acontecer bobagem."

    *

    "Não acho que a nossa programação é popularesca", diz, contestando críticas à emissora, que tem a quinta audiência do país. "As pessoas se apegam ainda a uma linha que tivemos há dez anos, por exemplo com o 'Teste de Fidelidade', que eu amava assistir. Mas vivemos num país politicamente correto, onde [irônico] todo mundo é pudico e é santo. Daqui a pouco não pode nem fazer piada de papagaio que a associação dos defensores dos animais dirá que os pobres papagaios estão sofrendo preconceito", reage.

    *

    Sua carreira política irá na linha contrária à do politicamente correto, diz. "Acho uma chatice do caramba."

    mônica bergamo

    Jornalista, assina coluna com informações sobre diversas áreas, entre elas, política, moda e coluna social. Está na Folha desde abril de 1999. Escreve diariamente.

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024