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    Mônica Bergamo

    Advogado de Lula pede à Justiça que Moro destrua 462 ligações telefônicas

    30/10/2017 19h15

    A defesa de Lula entrou hoje com um pedido de liminar em mandado de segurança no TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região) para que o juiz Sergio Moro inutilize 462 gravações de chamadas que teriam sido interceptadas de forma ilegal no telefone do escritório Teixeira, Martins e Advogados.

    Eles afirmam que as gravações contêm diálogos do advogado Cristiano Zanin com o próprio Lula, em que ele orienta o cliente sobre aspectos de sua defesa, além de ligações do defensor a outros colegas que atuavam na causa.

    As conversas entre advogados e clientes estão protegidas por sigilo e não podem ser devassadas.

    As interceptações em telefones ligados a Lula foram autorizadas por Moro em fevereiro de 2016, e se estenderam até março. Entre elas estava o já célebre diálogo entre Lula e Dilma Rousseff em que a então presidente acertava com o petista a posse dele como ministro do governo dela.

    A divulgação da conversa por Moro acabou impedindo que Lula tomasse posse, por decisão do STF (Supremo Tribunal Federal).

    No período, mais de cem mil chamadas foram interceptadas, de vários telefones ligados a Lula. No total, 417 horas de conversa foram gravadas.

    A gravação do telefone do escritório dos advogados do ex-presidente, no entanto, causou polêmica e foi questionada pelo próprio ministro Teori Zavaski (1948-2017), que então relatava os processos da Operação Lava Jato.

    Na época, Moro explicou, por meio de um ofício, que o celular de Roberto Teixeira, um dos sócios do escritório, havia sido interceptado "já que ele é diretamente investigado no processo".

    O juiz explicou que o telefone fixo do escritório, que tem vários outros sócios, no entanto, havia sido gravado porque o MPF (Ministério Público Federal) tinha a informação de que o número estava em nome da empresa de palestras de Lula.

    Com a informação de que na verdade se tratava do telefone do escritório de advocacia, Moro comunicou ao STF que nenhum diálogo daquele aparelho havia sido divulgado ou agregado ao processo e que só não havia inutilizado as gravações porque a investigação tinha sido transferida ao STF (Supremo Tribunal Federal) _Dilma ainda era presidente e tinha foro privilegiado.

    Caso ainda estivessem em suas mãos, informava Moro, os diálogos "se submeteriam ao procedimento de inutilização".

    Com a saída de Dilma do cargo, o processo voltou a Moro, em junho de 2016.

    Recentemente, o magistrado deu acesso às defesas de diversos réus a todas as interceptações feitas na época _inclusive às do escritório de Roberto Teixeira.

    Diante da reclamação dos advogados de Lula, ele suspendeu o acesso em relação aos diálogos questionados e que seriam protegidos por lei.

    E afirmou que posteriormente analisará a inutilização deles, juntamente com outras conversas gravadas e que seguem disponíveis.

    Os advogados de Lula pedem que a inutilização seja imediata.

    mônica bergamo

    Jornalista, assina coluna com informações sobre diversas áreas, entre elas, política, moda e coluna social. Está na Folha desde abril de 1999. Escreve diariamente.

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