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    Natuza Nery

    O que ele quer

    04/02/2014 12h29

    Um importante auxiliar do governador Eduardo Campos (PSB-PE) faz a seguinte conta. Há três maneiras de entrar em São Paulo: pelas mãos dos petistas; carregado nas costas dos tucanos ou como alternativa a esse "Fla-Flu" que há anos domina as eleições.

    O cálculo prossegue.

    Nele, 25% do eleitorado pode ajudar a empurrar um candidato da terceira via para o segundo turno.

    É com essa álgebra toda que o pernambucano, virtual candidato presidencial, trabalha. Trabalha, não, decide.

    Ninguém fala abertamente, mas há algo já mais que óbvio nos bastidores do PSB: Eduardo Campos não quer se aliar ao PSDB no maior colégio eleitoral brasileiro.

    E por um motivo simples: esse caminho pressupõe afastar-se de Marina Silva, nome com número considerável de votos naquelas bandas.

    Em uma pesquisa interna apurada recentemente a pedido do governador, Campos viu-se saltando bons pontos percentuais (até quadruplicaria de tamanho) quando apresentado ao lado da ex-senadora e fundadora do movimento Rede (Movimento, sim. Partido ela só terá quando aprová-lo na justiça).

    Marina não quer nem pensar em se associar com o governador Geraldo Alckmin, candidato à reeleição. Campos sabe disso. Só não bateu o martelo por uma candidatura própria ao Palácio dos Bandeirantes para não atropelar um fiel aliado seu: o deputado Márcio França (PSB-SP), declaradamente interessado em assumir a vaga de vice ao lado do tucano.

    França é um dos principais operadores do governador pernambucano e também encomendou sondagens internas para ajudar a definir o quadro paulista.

    Ele quer convencer os pares que sua tese é a melhor: uma carona na campanha de Alckmin, mesmo este nacionalmente comprometido com outro presidenciável (Aécio Neves, PSDB), é o ideal para alguém desconhecido e sem máquina no Estado, caso de Eduardo Campos.

    Mesmo que Marina tope ser vice aceitando um divórcio com o PSB em São Paulo, a campanha lá correria riscos de desintegrar. E ninguém quer brincar na beira de um abismo com 31 milhões de eleitores. É urna que não acaba mais.

    O finado José Alencar, vice de Lula em seus dois mandatos presidenciais, costumava soltar uma frase sábia na hora de decidir uma aliança eleitoral. "Quando um candidato tem de explicar muito um palanque para o eleitor, esse palanque já desmoronou".

    Não será fácil se apresentar como o candidato da renovação agarrado no primeiro turno com um dos dois partidos dessa polarização tradicional. Marina, a fiadora de Campos nesta eleição, já avisou que pula fora.

    O que ela ainda não vetou? Uma eventual aproximação caso haja segundo turno.

    Fica, então, a dica.

    natuza nery

    Escreveu até setembro de 2016

    Foi editora do Painel.

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