Três semanas depois da estreia da série "House of Cards" no Netflix, ponto de mudança para a indústria da televisão nos Estados Unidos e no mundo, a Nielsen cedeu à pressão dos canais americanos e concordou em medir a audiência da programação regular também através da internet, durante encontro na última quinta-feira.
De início, acrescentará medição da audiência via consoles de games, como PlayStation, posteriormente abrangendo também tablets, como iPad. Na nova temporada americana, a partir de setembro, todos os 23 mil domicílios acompanhados pela Nielsen nos EUA já devem estar com hardware e software adaptados, informou o Hollywood Reporter.
Mas o Netflix, que tanto ameaça não só os canais americanos, inclusive as grandes redes, mas também as operadoras de cabo, não aceita ter sua audiência medida pela Nielsen, o que torna toda a operação um paliativo. Além do Netflix, também a Amazon, com serviço semelhante de vídeo on demand, prefere manter a audiência sob sigilo.
Ato contínuo, informa hoje o blog de Daniel Castro, também o Ibope decidiu medir a audiência via internet, no Brasil. Se nos EUA a Nielsen se moveu depois da pressão de ABC e demais, por aqui não se fala em reunião com Globo e outras, mas o efeito da mudança seria o mesmo: ampliar os números da audiência, com outras plataformas.
De início, no Brasil, a mudança se limitaria a somar também a audiência de programas gravados pelo espectador para assistir posteriormente. Mas uma terceira tecnologia já estaria em testes no Ibope, para permitir identificar e medir também a audiência de um programa ou atração quando visto em aparelhos móveis, como smartphones.
Na quinta-feira, segundo o Variety, a apresentação da mudança pela Nielsen tinha como alvo o mercado publicitário --a avenida Madison, que concentra as grandes agências de propaganda em Nova York. O instituto garantiu a elas que este é apenas um primeiro passo, que audiência a ser medida será cada vez mais próxima da realidade.
Ou seja, o que "House of Cards" evidenciou, sem que o Netflix divulgasse qualquer número de audiência, é que o rei está nu.
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O jornalista Nelson de Sá cobre mídia e cultura na Folha. Escreve de segunda a sexta.