Não foi só para marcar posição no julgamento de Bradley Manning, iniciado ontem, que o "New York Times" publicou anteontem um longo texto de Julian Assange, do WikiLeaks.
Foi também parte de uma cobertura cada vez mais crítica que o jornal americano dedica ao Google.
O texto resenha "The New Digital Age", de Eric Schmidt, presidente do Google, e Jared Cohen, diretor do Google Ideas e que antes trabalhou no Departamento de Estado, sob Hillary Clinton e Condoleezza Rice.
Na síntese de Assange, o livro desenha "um modelo assustadoramente claro e provocativo para o imperialismo tecnocrático ", associando Washington e Vale do Silício.
Para o editor-chefe do WikiLeaks, o modelo Google "anuncia a morte da privacidade e desloca o mundo para o autoritarismo".
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Nos últimos meses, as reportagens do "NYT" passaram a questionar cada vez mais o gigante de tecnologia.
Hoje mesmo, publica uma radiografia do lobby do Google em Washington, comandado por uma ex-congressista republicana que ajudou a levar a influência da empresa para além dos democratas.
No ano passado, seus esforços de Executivo, Legislativo e mídia alcançaram o recorde de US$ 18,2 milhões. E sua maior vitória, em janeiro, foi anular uma ação antitruste na comissão de valores mobiliários.
Não faltou cobertura negativa também, por parte do jornal, das denúncias fiscais do Google no Reino Unido e até do lançamento do Google Glass .
Mas nada ainda que chegue perto das reportagens que expuseram a Apple e renderam um prêmio Pulitzer ao "NYT".
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Mas o Google contra-ataca. Na semana passada, o "NYT" realizou a primeira experiência com "native advertising", associando um aplicativo seu à marca Citi _e prometendo mais, na trilha aberta pelo BuzzFeed .
Ato contínuo, no dia seguinte o Google ameaçou punir , derrubando nos rankings de busca, as "organizações de mídia" que não separarem o que é publicidade, em seu conteúdo.
Apresentada pelo Google como questão ética, trata-se de uma disputa comercial, pelo controle da publicidade on-line, hoje nas mãos do gigante de tecnologia.
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Para registro, já se identifica o lobby do Google também no Brasil.
O confronto em torno do Marco Civil, por exemplo, trouxe à tona que o subchefe para Assuntos Jurídicos da Casa Civil, no governo federal, foi antes advogado do Google.
E o Google tem se apresentado como alternativa de financiamento para sites de jornalismo, bancando instituições e eventos.
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O jornalista Nelson de Sá cobre mídia e cultura na Folha. Escreve de segunda a sexta.