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    Nelson de Sá

    A maldição do petróleo, via Hollywood

    12/11/2013 11h51

    Petrobras, Ministério das Minas e Energia e Presidência da República foram devassados pelos Estados Unidos e pelos chamados Cinco Olhos, Five Eyes, os países de língua inglesa que compartilham ações de espionagem _além dos EUA, participam Reino Unido, Canadá, Austrália e Nova Zelândia.

    Como avaliou o jornalista americano Glenn Greenwald numa das reportagens iniciais no "Fantástico", "é muito claro que o objetivo é econômico". Foi o que reconheceu a própria imprensa canadense, cuja agência de espionagem digital, CSEC, comandou a invasão eletrônica do Ministério das Minas e Energia.

    A notícia surgiu há um mês, logo após Petrobras e Presidência, mas neste curto tempo os vazamentos de Washington já reverteram a narrativa jornalística, tornando o Brasil, de vítima de espionagem para favorecer empresas americanas, canadenses e australianas de petróleo e mineração, em vilão.

    Para além da jornalística, uma outra narrativa, ficcional, entra agora no jogo. Foi lançado na quarta, com roteiro de Stephen Gaghan, vencedor do Oscar com "Traffic" e diretor de "Syriana", filme sobre uma disputa por reservas no Oriente Médio entre petroleiras americanas e chinesas, o game "Call of Duty: Ghosts".

    Versões anteriores do game como "Modern Warfare" e "Black Ops 2" traziam como vilões, respectivamente, russos e chineses. Em "Ghosts" os inimigos são os brasileiros, que se uniram aos venezuelanos e chilenos em uma Federação das Américas, que concentra a produção de petróleo no mundo.

    "O Brasil é um dos principais inimigos dos EUA e de outras 'nações do Primeiro Mundo' na trama", explica o UOL. "O Brasil ao lado do Chile e da Venezuela são os inimigos dos EUA, país que o jogador deve defender", acrescenta o G1.

    O enredo do novo game da Activision, sediada em Los Angeles:

    "O Oriente Médio é devastado pela Guerra de Tel Aviv, que cria uma crise de energia. Os países da América do Sul se tornam os principais fornecedores de petróleo. Brasil, Venezuela e Chile se unem para garantir proteção dos países desenvolvidos. Eles usam uma arma espacial dos EUA contra o próprio país, criando um conflito que dura mais de dez anos."

    Para o crítico da Fox News, é "uma das premissas mais direitistas na história dos games... uma trama saída das mentes de quem apoia prospecção de petróleo nos EUA, misturada com política externa neo-conservadora e borrifos de segurança de fronteira". Vendeu US$ 1 bilhão no primeiro dia, novo recorde.

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    O jornalista Nelson de Sá cobre mídia e cultura na Folha. Escreve de segunda a sexta.

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