Com codinomes como sup_g e Anarchaos, Jeremy Hammond, 28, é um hacker lendário. Foi como o qualificou a "Rolling Stone", em longo perfil no ano passado. Seis anos antes, ele já era citado como Robin Hood eletrônico em perfil da revista "Chicago", cidade onde cresceu ao lado do irmão gêmeo e do pai, ativistas de esquerda como ele.

Hammond foi condenado na sexta-feira a dez anos de prisão, por ataques on-line que realizou junto com outros integrantes dos grupos Anonymous e LulzSec. Foi outro líder hacker, Sabu ou Hector Xavier Monsegur, tornado informante do FBI, a polícia federal americana, quem levou à sua prisão no ano passado.

Como noticiaram Huffington Post, "Guardian", "New York Times" e outros, ao receber a sentença Hammond denunciou que Sabu fez mais que delatá-lo à polícia: durante meses, sob ordem do FBI, forneceu alvos de governos estrangeiros para atacar, como "Brasil, Irã, Turquia..." A juíza cortou Hammond antes de dar a lista inteira e detalhar os ataques.

"Invadi vários sites e passei senhas e 'backdoors' que possibilitaram que Sabu e seus manipuladores do FBI controlasse esses alvos", disse o hacker. "Acredito que a coleta e o uso desses dados pelo governo [americano] precisam ser investigados. O governo festeja a minha prisão, esperando que feche a porta dessa história toda."

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O HuffPost postou o pronunciamento na versão "editada" pela juíza, sem detalhar países e operações. Mas em minutos a versão não editada estava no ar em Pastebin, linkada por referências como Jacob Appelbaum, hacker ligado ao WikiLeaks e ao projeto Tor, e a revista "Ars Technica". Hammond, sem censura:

"Por solicitação dele [Sabu] os sites foram invadidos, suas bases de e-mails e dados foram transferidas para o servidor de Sabu no FBI e as informações de senha e localização de 'backdoors' foram fornecidas. Essas intrusões aconteceram em janeiro/fevereiro de 2012 e afetaram mais de 2.000 domínios, inclusive vários sites governamentais no Brasil, Turquia, Síria, Porto Rico, Colômbia, Nigéria, Irã, Eslovênia, Grécia, Paquistão e outros. Alguns dos sites comprometidos de que me lembro incluem o site oficial do governador de Porto Rico, o Departamento de Assuntos Internos da Polícia Militar do Brasil..."

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O jornalista Nelson de Sá cobre mídia e cultura na Folha. Escreve de segunda a sexta.