O site "Deadline" noticiou que Steven Spielberg vai dirigir e Tom Hanks e Meryl Streep vão estrelar um filme sobre o "Washington Post" na cobertura dos chamados Papéis do Pentágono.
O projeto recebeu uma saraivada de questionamentos, de jornalistas, lembrando que os documentos que revelaram a verdade sobre o Vietnã, em 1971, foram um furo histórico do "New York Times":
O historiador Robert McNamara foi além e escreveu no site Poynter o texto "Me desculpe, Hollywood: 'The Post' na verdade deveria ser sobre o 'New York Times' ".
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O próprio "WP" acabou destacando o novo filme, sem sequer citar o 'NYT'. Foi demais para Jack Limpert, ex-editor do "Washingtonian", que mencionou o texto do "WP" e, em seguida, duas notas que ele publicou numa coluna, naquele ano de 1971:
Louvores e muito mais para o "New York Times" pelo que pode ser a história da década : a aquisição dos Papéis do Pentágono, o exame minucioso dos documentos, o furo de reportagem e a bem-sucedida luta judicial para derrubar a barreira governamental.
Uma grande vaia para as maiores chatices da cidade: as páginas esportivas do "Post" e do "Star". Se Shirley Povich escrever mais uma coluna previsível e mal-humorada...
Uma das piadas sobre o filme é que Hanks queria interpretar Ben Bradlee, editor do "WP" retratado em quatro outros filmes hollywoodianos, e não Abe Rosental, o celebremente intratável editor do "NYT" na época de um dos maiores furos da história do jornal –e de sua maior vitória na Justiça contra a censura governamental.
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O jornalista Nelson de Sá cobre mídia e cultura na Folha. Escreve de segunda a sexta.