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    Nina Horta

    Como y donde

    13/07/2016 02h00

    Siempre que me preguntan qué, cuando, como y donde comi a melhor comida, sempre respondo "depende do dia, da hora, do desejo, da fome". De verdade, pra todo dia é a brasileira. Na semana passada foi o México, Popocateptl, Ixtacclhatl, ah, Tenochtitlán, a ruela seca, sedenta, as pedras, só pedras e eu queria comer os lagartos modorrentos de carne branca da estrada com molho de Cortez e Montezuma.

    Bebidas claras e puras com lesmas gosmentas e frutas confitadas.

    As mangas mais doces da mulher que dançava em amarelos, inocente e fresca.

    Quero tamales, tortillas, Cochinita Pibil!

    Aquele desarranjo de cores, os bigodes ásperos, o sexo roxo, o zócalo no crepúsculo e as cestas de marmelo pelo chão.

    Comer devagar o pão branco e mole, sin lechuga, señora, sin lechuga, afirma a índia com seu rosto de máscara arrogante e orgulhosa.

    Não me importo com o sangue dos touros na praça, o sangue nas banderillas, quero provar a carne dura e vermelha, sentir na boca sacrifícios astecas.

    Enrique, flaquito, assa frutas e flores em folhas, a simpatiquíssima Lourdes me deu de beber em taças que tinham no fundo um cacto e uma mariposa.

    O gordo Diego se ri da lambança amarela e Frida chora em Finados. Vamos beber quilômetros de pulque.

    Preciso das formigas como as da Mara e do Atala, mas quero que venham engalanadas em sombreros.

    Minha barriga arde por tamarindos e pimenta e açúcar. Daqueles comprados na boca do metrô.

    No chá das cinco passo manteiga nos crepes e bolos e croissants bem franceses de Maximiliano. Mas com gafanhotos e grilos torrados, claro hombre!

    Hasta la vista, serpiente emplumada, fatal, escondendo o veneno escuro no corpo sinuoso. O México tem mesmo alguma coisa melancólica e funda que dá medo, uns restos daqueles povos antigos e seus monstros. À noite, se chove, e as flores perfumam a escuridão, é possível escutar os tambores. Por enquanto ficamos com as receitas pré-hispânicas e com as minas de prata.

    Doce de batata-doce roxa e goiaba

    Ingredientes
    Batata-doce roxa cozida e amassada
    Goiabas amassadas e passadas na peneira
    Açúcar
    Creme de leite fresco batido

    Preparo
    Ponha o açúcar numa panela e umedeça-o com água, leve ao fogo até o ponto de bala dura.

    Junte a goiaba e a batata-doce e deixe ferver por 20 minutos. Deixe esfriar e junte, então, o creme de leite batido, com gestos largos. Sirva em taças. (O creme de leite não é adaptação, eles usavam mesmo.)

    Livros bons de se ler para conhecer melhor o México

    Toda a obra de Octavio Paz. Cada calhamaço enorme, mas bons, muito interessantes. Quase um projeto de vida. Vá comprando em livrinhos separados, é mais fácil.

    The cuisines of Mexico/ Diana Kennedy – Bem didático, aprende-se.

    The Cuisine of Mexico – que é uma edição revisada.

    Frida Kahlo- Frida´s Fiestas/ Rivera Colle

    Pre-hispanic cooking Ana M. de Benitez Ediciones Euroamericana

    Pulque, Balchê e Pajuaru – na etnobiologia das bebidas e dos alimentos fermentados da Universidade Federal de Pernambuco Oswaldo Gonçalves de Lima

    Recetario tradicional del Distrito Federal /Cocina Indigena y popular – Muito boa a pesquisa. São quase 60 livrinhos sobre a comida mexicana dos pueblos. Vale a pena para quem se interessa.

    E tem muitos outros, vá a sebos, livrarias... Ou ao México.

    Li um romance famosos de Malcolm Lowry - Under the volcano e outro de DH Lawrence - Serpiente emplumada

    E em sebos, ou na Amazon mesmo, México, de Érico Veríssimo

    Na última coluna da Folha, sobre galinhas vocês me ajudaram muito. Recebi vídeos, palpites, fotos, foi ótimo. Os mexicanos que se
    mostrem e venham nos ensinar mais. Uma coisa que me intriga. Não temos masa-harina para comprar aqui? Diana Kennedy ensina como fazer, está logo depois da coluna. Muito trabalho, o bom era encontrar pronta para fazer as tortillas.

    Não conheço um restaurante de comida mexicana e não TEX-MEX em São Paulo. Pode existir, mas nunca fui.

    Música, adoro a intérprete Chavella Vargas, porto riquenha do México. Uma voz maravilhosa e intérprete famosa. Aceitamos sugestões também.

    Oi, mexicanos, venham em nossa ajuda, estamos precisando violentamente. A minha obrigação é a coluna da Folha, já fiz, o resto é com vocês.

    nina horta

    É escritora e colunista de gastronomia da Folha há 25 anos. É formada em Educação pela USP e dona do Buffet Ginger há 26 anos.
    Escreve às quartas-feiras.

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