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    Nizan Guanaes

    Cerveja verde

    09/07/2013 03h00

    O mundo está mudando. O carro do ano é a bicicleta, o plástico verde é melhor que o papel, e a cerveja sem álcool é o refrigerante do adulto.

    Não podemos seguir fazendo as coisas do mesmo jeito. É preciso aproveitar a nova capacidade de comunicar, informar e mobilizar para avançar, o que nos dias de hoje significa basicamente inovar.

    Inovar é diferente de criar. É a criação no chão da fábrica. É o que as nações, as empresas e as pessoas bem-sucedidas estão fazendo.

    Mas não existe moleza e muito menos almoço grátis. O empreendedor é um sonhador disciplinado, não um criador relaxado. É preciso trabalhar duramente todo dia para tornar a sua própria empresa obsoleta, antes que os seus concorrentes o façam.

    Inovar não é fácil, mas é fundamental. É o insumo indispensável da competitividade. Se, ao invés de você, for seu concorrente a descobrir a próxima grande inovação, você será a próxima grande vítima.

    A inovação no Brasil está dada por suposto. Processamos elementos reunidos apenas aqui, da geografia ao povo. O enorme sucesso do agronegócio nacional é o melhor exemplo do quanto podemos conquistar aliando inovação ao potencial Brasil, que é o antídoto ao custo Brasil.

    Somos um país específico, de grande escala e em renovação. Como afirma educadamente aquele slogan nos cartazes das manifestações: "Desculpem o transtorno, estamos mudando o país".

    Desculpe o transtorno, mas esse slogan deve ser aplicado também à sua empresa.

    Não se iluda com o sucesso nem desanime com o insucesso porque o padrão como a sociedade consome notícias, música, papel, roupas, jogos, energia... mudou. E isso abre enormes oportunidades.

    Queimar petróleo é burro, jogar papel fora é velho. O plástico é mais inteligente e mais versátil que o couro.

    O mercado de cerveja, que conheço bem, é outro bom exemplo.

    Não faz sentido hoje a indústria da cerveja se apaixonar pelo álcool, que é uma pequena parte do produto, quando ela pode se apaixonar pelo sabor, tal qual o vinho, ou pela refrescância, como o refrigerante.

    Não quero que meus filhos fiquem enfiando carros em postes. Beber e dirigir é uma mistura babaca. Eu sou 100% a favor da Lei Seca. Mas é verdade que o Estado e a família podem ser mais modernos no cumprimento dos seus papéis nesse contexto.

    Estamos trabalhando, por exemplo, para que o metrô de São Paulo fique aberto até duas horas mais tarde na sexta-feira, já que o trem das 11, hoje em dia, começa na balada das 3h da manhã.

    Vamos lembrar que foram monges que inventaram a cerveja como a entendemos hoje. Mas na sociedade daqueles monges não tinha carro nem o estresse que nós vivemos hoje em dia e muito menos festas "rave".

    O Brasil é o país do churrasco e do futebol. E a cerveja costuma acompanhar as duas coisas, não o suco. Ela aparece em boa parte das músicas do cancioneiro popular. Entretanto as circunstancias de trabalho e de deslocamento pedem uma cerveja sem álcool.

    Cerveja sem álcool não é novidade. A novidade é uma cerveja sem álcool, mas com sabor. Foi a resposta da indústria ao novo contexto.

    A necessidade sempre será a mãe da inovação. Eu sou publicitário, eu sou pai. Tenho filhos, sobrinhos, eu tenho compromisso com o meu país.

    Tirar os prazeres da vida torna a vida muito chata. E o tiro então acaba saindo pela culatra, como aconteceu com a Lei Seca nos Estados Unidos no começo do século passado. Por isso eu aplaudo essa inovação. Porque ela é um avanço rumo ao bem-estar.

    Ajudar as pessoas a beber cerveja de maneira moderna quando elas estão em circunstâncias de não consumo de álcool, isso para mim é o futuro agora.

    E a sua empresa e organização? Como ela está respondendo às enormes mudanças que nos cercam? O futuro está nessa resposta.

    NIZAN GUANAES, publicitário e presidente do Grupo ABC, escreve às terças-feiras, a cada 14 dias, nesta coluna.

    nizan guanaes

    Publicitário baiano, é dono do maior grupo publicitário do país, o ABC.
    Escreve às terças-feiras,
    a cada duas semanas.

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