Há 15 brasileiros com pedido de "visto gold" em análise pelo governo português, segundo apurou a Folha. O visto --ou "autorização de Residência para Atividades de Investimento"-- é concedido a indivíduos que comprarem um imóvel de 500 mil euros em Portugal, investirem ou tiverem em depósito 1 milhão de euros ou gerarem 10 postos de trabalho.
Até agora, já foram concedidos 60 desses vistos, dois deles para brasileiros.
Os chineses são campeões --receberam 43. Foram quatro os cidadãos angolanos que receberam visto gold.
Portugal começa a dar os primeiros sinais de recuperação.
O relatório semanal do banco Montepio aponta para um crescimento de 0,4% no segundo trimestres, ante o primeiro. Seria o primeiro crescimento depois de 10 trimestres consecutivos de queda do PIB.
A taxa de desemprego caiu para 17,4% em junho, abaixo dos 17,6% de maio, mas ainda acima dos 15,8% registrados no mesmo período em 2012.
Ainda são sinais incertos, mas mesmo meio à crise, há alguns bolsões de prosperidade e oportunidade.
O município de Cantanhede, por exemplo, criou em 2005 o Biocant, parque de empresas de biotecnologia. O centro hoje emprega 250 pessoas e 90% são cientistas.
"É uma forma de fixar em Portugal os jovens qualificados", diz o presidente da Câmara de Cantanhede, João Moura .
Estão lá instaladas 23 empresas de biotecnologia, e empresas do centro já registraram 25 patentes.
São empresas como a Cynara, que desenvolveu uma enzima semelhante à encontrada na flor do cardo, usado para fazer o famoso queijo da Serra da Estrela.
A taxa de desemprego de Cantanhede, em 9%, é bem inferior ao resto do país.
A Start Up Lisboa está incubando 60 empresas de tecnologia e mais outras tantas de comércio e turismo. Já originou empresas como a rede Natas Lisboa, (dos deliciosos pasteis de natas) que em seis meses abriu 17 unidades no país, e a Muzzley, que permite controlar todos os aparelhos de sua casa, desde o ar condicionado até a câmera de segurança, por meio do seu celular (e já recebeu aporte de um fundo do vale do Silício).
"Custo de iniciar uma empresa aqui é 10% do custo de São Paulo e é bem mais fácil de se encontrar mão de obra qualificada", diz João Vasconcelos, diretor executivo da Start Up Lisboa.
Portugal está em 30º lugar na lista dos melhores países para se fazer negócios (Doing Business) do Banco Mundial. O Brasil está em 130º lugar.
Em setembro, a Câmara Portuguesa de São Paulo vai inaugurar uma incubadora de empresas portuguesas, para ajudar start-ups a ingressarem no burocrático mercado brasileiro
A jornalista viajou a convite da Agência para o Investimento Comércio Externo de Portugal, da TAP e do Grupo Dom Pedro
Repórter especial da Folha, foi correspondente nos EUA e escreve sobre política e economia internacional. Escreve às sextas-feiras.