Um amigo meu que mora em Higienópolis, perto do Mackenzie, está impressionado com a quantidade de rondas policiais no bairro, desde que a Copa começou. Ele nunca tinha visto tanta polícia na região, que é famosa por furtos e roubos.
"Dá até para falar no celular andando na rua", diz.
No centro de São Paulo é a mesma coisa. Para onde quer que se olhe, há muitos policiais. E turistas estrangeiros andando tranquilamente, mesmo tarde da noite.
Os turistas, aliás, mudaram todo o astral da cidade. Não só na micareta permanente da Vila Madalena. São Paulo, pouco acostumada a receber tantos estrangeiros, está mais animada e colorida.
Mas, e depois da Copa? Como é que vão ficar as coisas?
Algum leitor irá dizer, acertadamente, que jornalista é chato. Antes da Copa, todos previam o fim do mundo, com estádios inacabados, filas nos aeroportos, voos atrasados, violência.
Como se viu, nada disso aconteceu.
Até a "mídia estrangeira" fala que o Brasil está fazendo a "Copa das Copas".
E agora alguém vem com essa, #imaginadepoisdaCopa.
Será que vamos ficar de ressaca quando tudo isso acabar e entrarmos no rame-rame da campanha eleitoral? Em vez de se animar para assistir aos jogos pela TV, teremos o horário eleitoral com pastor Everaldo e congêneres. E os policiais terão de tirar folga em algum momento, certo? A produtividade perdida terá algum efeito, não?
Depois de o Irã dar uma canseira na Argentina, Brasil vencer o Chile só nos pênaltis, Colômbia ser o destaque da Copa e os aeroportos funcionarem maravilhosamente, acho que só nos resta uma saída: #nãosofrerporantecipação.
Repórter especial da Folha, foi correspondente nos EUA e escreve sobre política e economia internacional. Escreve às sextas-feiras.