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    Patrícia Campos Mello

    A sabedoria de Hugo Chávez

    28/11/2014 08h00

    No dia 16 de dezembro de 2005, o então presidente da Venezuela, Hugo Chávez, e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniram no município de Ipojuca, em Pernambuco, para lançar a "pedra fundamental" da refinaria Abreu e Lima.

    Grandiloquente como de costume, Chávez afirmou que a refinaria iria "representar o estreitamento dos laços de amizade existentes entre os povos do Brasil e da Venezuela".

    A Abreu e Lima poderia processar 200 mil barris de petróleo por dia, suprir a demanda de diesel da região, demandaria investimentos de US$ 2,5 bilhões da Petrobras e da PDVSA e entraria em funcionamento em 2011.

    "Está tudo pronto para o grande matrimônio que irá se concretizar em Pernambuco", disse Chávez, tempos depois.

    Nove anos depois, a Abreu e Lima é um pesadelo. Foi inaugurada sem nenhuma pompa neste mês, com quatro anos de atraso. Custou mais de US$ 18 bilhões.

    O combinado era a PDVSA entrar com 40% do investimento.

    Mas a Venezuela não pôs um tostão na obra, entre discussões de necessidade de garantias do BNDES e adiamentos.

    Durante a construção, culpou-se a Venezuela e sua recusa em investir o dinheiro prometido pelo aumento dos custos.

    Mas as revelações da operação Lava Jato deixaram claro que o dinheiro foi mesmo é pelo ralo da corrupção. Bilhões em superfaturamento e propina.

    O finado presidente da Venezuela não era nada bobo.

    Criticou a demora das obras e o aumento do custo, fechou a carteira - e, sem fazer marola, se livrou da maior "roubada", literalmente.

    patrícia campos mello

    Repórter especial da Folha, foi correspondente nos EUA e escreve sobre política e economia internacional. Escreve às sextas-feiras.

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