• Colunistas

    Tuesday, 07-May-2024 07:40:07 -03
    Patrícia Campos Mello

    O Brasil deveria acolher presos de Guantánamo

    12/12/2014 03h55

    A presidente Dilma Rousseff deveria aproveitar a vinda do vice-presidente dos EUA, Joe Biden, para a posse em janeiro e propor que o Brasil receba alguns prisioneiros de Guantánamo.

    O governo brasileiro só tem a ganhar com isso.

    Em primeiro lugar, trata-se de uma questão humanitária - como disse o presidente uruguaio, José Mujica, ao receber seis prisioneiros nesta semana. A maioria dos presos de Guantánamo nunca foram acusados de nenhum crime e não são considerados perigosos nem pelo governo americano. Mas precisam de algum país que os acolha para sair da prisão.

    Em segundo lugar, Dilma poderia usar isso para rechear a agenda anêmica entre os dois países. Espera-se que a visita de Estado a Washington, cancelada por Dilma no ano passado após as revelações de espionagem da NSA, seja remarcada em 2015. Mas os dois países não têm um grande anúncio para fazer, depois que o contrato dos caças da FAB foi para a Suécia.

    Receber prisioneiros de Guantánamo seria um bom anúncio, ainda que não tenha o impacto financeiro e de transferência tecnológica do contrato dos caças.

    Para o público interno, Dilma ainda poderia sair bem na foto. Mujica aceitou receber os prisioneiros, mas não se furtou de criticar os EUA. "Oferecemos nossa hospitalidade para seres humanos que sofriam um sequestro atroz em Guantánamo", afirmou. E disse que eles serão livres para fazerem o que bem quiserem, inclusive deixar o país.

    Oficialmente, o governo brasileiro diz que não pretende acolher prisioneiros de Guantánamo.

    Mas tudo pode mudar, dependendo de negociações.

    "Nós estamos contatando muitos países ao redor do mundo e agradecemos o apoio que estamos recebendo. A ajuda de nossos amigos e aliados é crítica para alcançarmos o objetivo de fechar a prisão em Guantánamo."

    Essa foi a mensagem enviada à Folha pelo Departamento de Estado, comentando a possibilidade de o Brasil receber prisioneiros.

    patrícia campos mello

    Repórter especial da Folha, foi correspondente nos EUA e escreve sobre política e economia internacional. Escreve às sextas-feiras.

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024