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    Patrícia Campos Mello

    O "olho de Mosul" e os curdos

    30/01/2015 08h30

    "Mosul eye" (olho de Mosul) é o nome da página do Facebook criada por um historiador para comunicar ao mundo o que acontece dentro dessa que é a segunda maior cidade do Iraque, com quase 2 milhões de habitantes.

    Desde junho do ano passado, Mosul está sob o jugo do Estado Islâmico, Isis, ou Daaish, como é chamado por lá.

    Há cerca de um mês, os habitantes de Mosul estão completamente isolados do mundo exterior, com pouquíssimo acesso à internet, telefone, e ninguém pode sair da cidade.

    "Faz uma semana que os serviços de internet foram interrompidos em Mosul. Está impossível de se comunicar com o mundo exterior. Telefones fixos e celulares foram cortados há quase dois meses", escreveu o "Olho de Mosul" no início do mês. Para se comunicar, muitos vão para os arredores da cidade, mas com isso correm o risco de serem executados pelo Estado Islâmico.

    Em Mosul, o EI cobra "imposto" de cristãos, mata xiitas e yazidis, e sua "polícia islâmica" proíbe até jogo de futebol.

    A cidade está em compasso de espera. Aguarda um ataque das forças curdas (peshmerga) com apoio dos EUA e membros do coalizão, para "libertar" Mosul.

    As forças curdas, nos últimos dias, têm ganhado terreno do EI nas proximidades de Mosul. Mas sabem que, para derrotar a milícia fundamentalista, precisam de apoio do exército iraquiano e da coalizão.

    Mesmo assim, continuam enfrentando o EI no norte do Iraque.

    Foram forças curdas que, poucos dias atrás, expulsaram o EI de Kobane, na Síria, um dos bastiões dos fundamentalistas.

    E o que os curdos ganharam com isso?

    Na semana passada, foram convocados 22 países para uma reunião para discutir formas de derrotar o EI, em Londres.

    Os curdos, que reivindicam independência e já têm certa autonomia no Governo Regional do Curdistão, no norte do Iraque, foram excluídos.

    "Quero expressar o meu desapontamento, e do povo curdo, com os organizadores dessa conferência", disse o líder curdo Masoud Barzani.

    "O povo do Curdistão se sacrifica, e o crédito vai para outros."

    patrícia campos mello

    Repórter especial da Folha, foi correspondente nos EUA e escreve sobre política e economia internacional. Escreve às sextas-feiras.

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