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    Patrícia Campos Mello

    Trump e a volta da 'economia vodu'

    24/12/2017 02h00

    Carlo Allegri/Reuters
    U.S. President Donald Trump reacts as he departs a rally in Pensacola, Florida, U.S., December 8, 2017. REUTERS/Carlo Allegri ORG XMIT: NYC111
    Presidente Trump em Penacola, Flórida

    SÃO PAULO - Em junho deste ano, Mike Mulvaney, diretor do escritório de orçamento dos EUA, publicou um artigo exaltando o MAGAnomics, o "Make America Great Again Economics" (Economia do Faça a América Grandiosa de Novo, em referência ao slogan de campanha de Donald Trump). No cerne do MAGAnomics, que, segundo ele, fará a economia crescer 3 % ao ano, está a reforma tributária recém aprovada.

    O MAGAnomics nada mais é do que um resgate do Reagannomics, a política econômica do ex-presidente Ronald Reagan (1981-1989). Trata-se da "economia do lado da oferta" - a teoria de que, ao se reduzir impostos de corporações e dos mais ricos, aumenta o incentivo para investimento em produção e criação de empregos, o que acaba por gerar crescimento. Esses cortes de impostos se pagariam, porque, por meio da alta do PIB, elevariam a arrecadação tributária.

    Há um ligeiro problema - o Reagannomics fracassou em muitos aspectos. A economia emergiu da estagflação do governo Carter, mas a recuperação se deveu em grande parte ao corte de juros que sucedeu o choque anti-inflacionário do Fed. Em oito anos de Reagannomics, a dívida pública dos EUA saltou de 25% do PIB para 41%, e o deficit bateu em 3,8%.

    A teoria de que os cortes de impostos não aumentariam o deficit era furada.

    Há grandes chances de o Reagannomics, em sua versão Trumpiana, também não funcionar. O enorme corte de impostos - a maior alíquota para empresas vai passar de 35% para 21% - vai aumentar em US$ 1,5 trilhão o deficit ao longo da década.

    Em 1980, George H W Bush se referiu ao plano econômico de Reagan, então seu rival nas primárias republicanas, como "política econômica vodu", ridicularizando o excesso de otimismo com o corte de impostos.

    Parece que o MAGAnomics também se baseia em pensamento mágico e esperanças ilusórias.

    patrícia campos mello

    Repórter especial da Folha, foi correspondente nos EUA e escreve sobre política e economia internacional. Escreve às sextas-feiras.

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