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    Paula Cesarino Costa

    Estagiários e caronas

    07/05/2015 02h00

    RIO DE JANEIRO - A crise em que o país mergulha em 2015 deixa mais evidentes vários descalabros nos gastos públicos. Em que país estagiários podem ganhar mais que médicos e professores? Só no Brasil e graças uma categoria de políticos a quem se dá pouca importância.

    Existem 1.059 deputados estaduais no país. No Rio, são 70, que recebem salário mensal bruto de R$ 25,3 mil, com direito a um carro Sentra, da Nissan, e cartão com crédito de R$ 1.800 por mês para combustível.

    A previsão orçamentária da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro para 2015 é de R$ 1,6 bi. O atual presidente, Jorge Picciani (PMDB), informou que economizou R$ 107,5 milhões no primeiro quadrimestre, sendo R$ 57,4 milhões em pessoal.

    A justificativa de Picciani foi feita após o jornal "O Dia" revelar que a Alerj aumentou de R$ 1.480 para R$ 2.866 o salário de estagiários de nível superior, com jornada de quatro horas diárias. Um professor da rede estadual fluminense recebe, por uma jornada de 30 horas semanais, cerca de R$ 2.000, e o piso de um médico é de R$ 2.520. Quem vale mais?

    São incontáveis os exemplos de má gestão do dinheiro público. Por que deputados, vereadores, procuradores, secretários e um sem fim de funcionários públicos têm direito a carro pago pelos contribuintes? É o tipo de carona indesejada. Cada um de nós paga a sua própria condução para ir trabalhar. São inúmeros os bons exemplos que vêm de fora, como o do primeiro-ministro britânico e o do prefeito de Nova York, que iam trabalhar de metrô.

    Quanto somarão os gastos com carros, IPVAs, seguros e combustíveis, pagos com dinheiro público em todo o país? É pouco perto do buraco em que União, Estados e municípios se encontram? Provavelmente. Pequenas mudanças simbólicas podem revitalizar a relação da população com seus representantes e dos homens públicos com a coisa pública.

    paula cesarino costa

    Paulistana, é repórter especial da Folha. Desempenhou várias funções desde que entrou no jornal, em 1987. Escreve às quintas.

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