O que é ser periguete para você? As fashionistas que passeiam pela São Paulo Fashion Week, no parque Cândido Portinari, têm várias teorias sobre o assunto. Algumas delas:
1 - A que rouba o namorado da amiga
2 - A invejosa ("beijinho no ombro para ela", como disse uma das entrevistadas, citando Valesca Popozuda)
3 - Mulher que usa roupa curta para provocar os homens
4 - As brasileiras, porque todas gostam de mostrar o corpo
A quarta opção é quase um consenso por aqui.
O termo, cunhado para definir as garotas do baile funk, que usam roupas justas e curtem um namoro rápido, vem perdendo a conotação pejorativa e é assumido sem medo por mulheres que assumem as curvas. E elas não estão nem aí para as silhuetas amplas de temporadas passadas.
Na passarela paulistana, por sinal, as formas justas, adaptadas para o gosto das clientes mais afoitas, foram escolhas de marcas como Tufi Duek, Pedro Lourenço, Lilly Sarti e até Gloria Coelho, que sempre gostou de esconder o corpo das meninas com telas, fitas e pedrarias.
Além de mais curtos, os vestidos e os conjuntos de saia e blusa aparecem com fendas, mostram o colo e ressaltam busto e quadril. O "top cropped" (a blusinha curta que mostra a barriga) também deve entrar no guarda-roupa do próximo verão.
"Na passarela, há uma estilização dessa lógica da pele à mostra. Os estilistas perceberam que é bom negócio encurtar os comprimentos para as meninas, que hoje passam horas modelando o corpo na academia", afirma a empresária Costanza Pascolato.
Sobre o periguetismo, a maior referência em se tratando de estilo no Brasil, diz que "é uma bobagem classificar a mulher pela roupa porque, no país, a moda não significa modismo, tendência, mas sim um ornamento para o corpo".
Então, saímos atrás das neoperiguetes para ouvir o que pensam e quais as suas preferências na hora de se vestir.
#PERIGÓTICA
A blogueira Tuka Sampaio, 22, faz a linha gótica, com maquiagem pesada e roupas pretas curtíssimas. "Sou mais cheinha e, na cartilha da moda, não deveria usar roupa justa. Mas não estou nem aí, boto salto e saio mostrando a perna sem medo."
#PERIMALHADA
A auxiliar administrativa Ana Carolina Caciatori, 29, malha todos os dias e acha que deve mostrar o resultado de tanto suor. "Dou 'beijinho no ombro' para quem acha que sou vulgar. Roupa curta não significa vulgaridade. Gosto de usar saias mais justas e mostrar as pernas. Meu marido adora quando saio assim."
#PERIPIONEIRA
Aos 41 anos, a designer de sapatos Viviane Greenhalgh já foi assediada no ônibus por usar roupas curtas. "Não dá pra aceitar que no Brasil uma roupa seja desculpa para assédio. O problema é do homem que não se controla, e não da mulher. Acho que fui uma das primeiras periguetes do Brasil".
#PERIBBB
Atriz e ex-BBB, Flávia Viana, 29, não gosta da alcunha de periguete, mas não se acanha em mostrar as pernas. "Acho que depende do lugar. Aqui [na São Paulo Fashion Week] me sinto à vontade de usar roupas mais curtas. Mas no ônibus eu tenho medo. Vai que aparece a calcinha", diz. Ela já foi capa da revista "Sexy".
É especializado na cobertura de moda, do mercado à cultura pop. Escreve às sextas