No mundo das premiações de Hollywood, um nome é espécie de porto seguro para atrizes em busca do vestido perfeito: Elie Saab.

O libanês de 53 anos tem uma lista de celebridades invejável em seu portfólio, entre elas as oscarizadas Halle Berry, Sandra Bullock, Emma Stone e Angelina Jolie.

Sem roupa para usar no último Oscar, em fevereiro, após negar um vestido Chanel assinado por Karl Lagerfeld, a atriz Meryl Streep escolheu um tomara-que-caia luxuoso do amigo estilista, que apresenta suas coleções na semana de moda de Paris.

Na última coleção de sua marca homônima, desfilada em setembro, o estilista viu na floresta amazônica o ponto de partida para conjuntos verde-amarelos, alguns com estampas de folhagens e com fendas e decotes que identificam sua moda glamorosa.

Em entrevista, o estilista fala sobre seu processo criativo, a influência do país natal e o método para agradar algumas das clientes mais exigentes do mundo.

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Folha - Existe alguma diferença entre criar um vestido para uma festa, um casamento ou uma passarela?
Elie Saab - Meu mantra é criar para agradar as mulheres. Quero que eles se sintam bonitas e confiantes, independentemente de procurarem um vestido para usar em seu casamento ou para uma festa. Comecei meu negócio com a alta-costura, então aprendi a criar detalhes de "tirar o fôlego" dos meus clientes em eventos importantes e momentos de suas vidas.

O que as atrizes de Hollywood procuram quando vão até você?
Buscam vestidos de prêt-à-porter ou alta-costura, basicamente. Sempre procuram um vestido que irá destacas sua aparência. Ele tem de respeitar a personalidade da celebridade, mas também deve estar adaptado ao evento. Para algumas atrizes especiais eu crio roupas personalizadas.
Neste ano, a [atriz britânica] Emma Watson foi a um evento com restos de tecidos de minha última coleção de alta-costura, o que estava alinhado a princípios de sustentabilidade. Foi um belo projeto. Emma ficou encantada e parecia deslumbrante no vestido.

Há uma inspiração específica quando cria roupas para as atrizes?
Na maioria das vezes elas escolhem diretamente da passarela. Não há uma inspiração específica quando se trata de tapete vermelho. Posso me inspirar em um grupo de mulheres, ou em todas elas. Posso me sentar em um café ou restaurante e olhar um estranho para me inspirar.
Criar vestidos é muito sobre seu olhar, uma atitude que você enxerga, um pequeno detalhe que chama a atenção e te inspira. Preciso de muitas musas na minha cabeça para criar uma coleção, nunca pode ser apenas sobre uma pessoa.

Poderia destacar algumas?
Tive belos momentos no Oscar, como os vestidos de Halle Berry e Angelina Jolie, ou mais recentemente o de Meryl Streep. Sou grato. É sempre um momento especial quando vejo minhas criações usadas por mulheres tão importantes e talentosas.

Como seria um vestido de festa perfeito?
Não se trata da roupa, mas do quão confiante está a mulher ao usá-la. Não há nada mais bonito e sedutor do que uma mulher confiante e com uma atitude descontraída.

Falando em inspiração, imagino que o Líbano te traga muitas referências.
Ter vivido em Beirute foi um grande recurso criativo e uma inspiração. [A capital] reflete na minha escolha de tecidos, nos materiais ricos e no uso de cores quentes, como a areia e tons naturais. Quanto aos bordados, eles fazem parte do DNA da marca e tenho uma oficina dedicada a desenvolver técnicas de design e bordados a cada temporada.

E como idealizou a floresta amazônica nas roupas da última coleção?
Trabalhei em torno da selva para representar a natureza livre e viva das mulheres. Joguei com cortes femininos e camadas orgânicas para criar uma coleção que, eu acredito, respira como uma floresta em movimento.
Muitos detalhes têm a ver com a floresta em si, desde as impressões de vegetais e os tecidos de animais até a paleta de cores da selva. Usei amarelo quente, vermelho de hibisco, cachoeira azul, rosa de orquídeas. É uma celebração e uma homenagem à Amazônia.

pedro diniz

É especializado na cobertura de moda, do mercado à cultura pop. Escreve às sextas