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    Plinio Fraga

    Forças Armadas não são resposta para crise de insegurança

    20/09/2017 02h00

    Fabio Teixeira - 14.fev.2017/Folhapress
    RIO DE JANEIRO, RJ, 14.02.2017: POLÍCIA-RIO - Soldados do Exército fazem patrulhamento na orla da praia de Copacabana, com estátua de Carlos Drummond de Andrade ao fundo, na zona sul do Rio de Janeiro. (Foto: Fabio Teixeira/Folhapress)
    Soldados do Exército fazem patrulhamento na orla da praia de Copacabana, na zona sul do Rio

    RIO DE JANEIRO - A frase é boa: "Insanidade consiste em fazer a mesma coisa por vezes e vezes, esperando por um resultado diferente". Já foi atribuída ao físico Albert Einstein, ao líder político Benjamin Franklin, ao poeta Rudyard Kipling. No livro "The Quote Verifier", Ralph Keyes classifica-a como de origem indeterminada e aponta semelhança com frase de humorista americana do século 19: "Se você sempre faz o que sempre fez, sempre terá o que sempre teve", disse Jackie Mabley.

    Desde a redemocratização, o Rio já enfrentou diversas crises de insegurança pública. Houve a crise de 1994, com a taxa recorde de homicídios. Em 2000, houve o recorde de sequestros. Em 2007, houve o recorde de mortes em confrontos com a polícia.

    A resposta mais frequente e mais pedida para as crises tem sido chamar as Forças Armadas. Diversos especialistas concluíram que ações tópicas dos militares podem reduzir crimes em um primeiro momento, mas, em longo prazo, a atividade criminosa adapta-se e permanece.

    Para exemplificar, a atuação das Forças Armadas na ocupação do Complexo do Alemão em 2010 foi essencial. Em 2014, os militares repetiram a estratégia no Complexo da Maré. O uso de blindados e a mobilização de tropa em grande escala permitiram a entrada das forças de segurança em áreas que não chegavam havia anos.

    Por dois anos, as Forças Armadas patrulharam o Alemão. Por um ano e meio, ocuparam as ruas do Complexo da Maré. Os dois complexos são das maiores comunidades do Rio, com presença forte de facções criminosas. Elas estavam lá antes da chegada das Forças Armadas, continuaram intocadas apesar da presença delas e restabeleceram seus domínios quando os militares deixaram essas comunidades.

    Não se pode dizer que tais ações tenham dado certo. Insiste-se agora em mais do mesmo, com a esperança de resultado diferente.

    plínio fraga

    Na Folha, foi repórter especial e editor de 'Brasil'. Foi editor de política do 'Jornal do Brasil' e repórter da 'Piauí' e de 'O Globo'. Doutorando na UFRJ e autor da biografia 'Tancredo Neves, o Príncipe Civil'

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