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    Plinio Fraga

    Vídeos de vítimas de confrontos assustam moradores da Rocinha

    23/09/2017 02h00

    RIO DE JANEIRO - Um dos aspectos assombrosos de uma semana de enfrentamentos na Rocinha é que não há um número preciso de mortos nos tiroteios. Até sexta a polícia associava quatro mortes aos conflitos, iniciados após a dissolução da aliança entre dois traficantes que agora disputam o controle da venda de drogas.

    Moradores da Rocinha relatam terem visto corpos sendo carbonizados ou jogados na floresta próxima.

    Muitos vídeos de autenticidade não comprovada circulam por meio de redes sociais. Há cenas cruéis de supostos criminosos queimados vivos, além de corpos decapitados e mutilados.

    Esses vídeos são enviados de morador a morador, sem que a origem possa ser apontada. Ampliam o terror de cada um que assiste a eles. A polícia alerta para o risco de vídeos reaproveitados de outros conflitos e lugares, apesar de admitir que alguns mostram locais reconhecíveis na favela.

    O vídeo mais chocante, que me foi mostrado por um morador da Rocinha, exibe um grupo de jovens tirando o coração que seria de um integrante de facção rival. Eles estão em um ambiente fechado, no qual só se destacam azulejos brancos.

    Dois homens abrem o peito da vítima, arrancam seu coração e mostram para a câmera. Há ao menos uma mulher no recinto. Um dos jovens demonstra asco, com forte sotaque paulista: "Acabei de acordar, mano". Outro comenta: "Olha, ainda está batendo".

    O sotaque amplia temores de que a novidade do ambiente criminoso no Rio seja a união de integrantes de duas das facções do Estado (Terceiro Comando e Amigos dos Amigos) com a maior facção de São Paulo (Primeiro Comando da Capital).

    Essa associação teria originado uma nova facção (Terceiro Comando dos Amigos), inimiga do Comando Vermelho. A polícia investiga a aliança desde maio, quando foi celebrada em um baile funk.

    plínio fraga

    Na Folha, foi repórter especial e editor de 'Brasil'. Foi editor de política do 'Jornal do Brasil' e repórter da 'Piauí' e de 'O Globo'. Doutorando na UFRJ e autor da biografia 'Tancredo Neves, o Príncipe Civil'

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