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    Plinio Fraga

    Pezão desmoraliza a própria assinatura

    04/10/2017 02h00

    José Lucena/Futura Press/Folhapress
    Governador Luiz Fernando Pezão deixa à sede da Justiça Federal, no centro do Rio, após depor como testemunha de defesa de Sérgio Cabral
    Pezão deixa a sede da Justiça Federal após depor como testemunha de defesa de Sérgio Cabral

    RIO DE JANEIRO - A origem latina da palavra assinatura significa "afirmar verdadeiro o que se disse antes". Especialistas em grafologia asseguram que a caligrafia traz indicações do comportamento social de cada um. A assinatura, por sua vez, revelaria o íntimo do autor.

    O filósofo e grafólogo suíço Max Pulver (1889-1952) dedicou-se à interpretação psicológica do simbolismo no espaço gráfico. O escrevente, afirmou, projeta-se inconscientemente no espaço da página. No alto, destaca-se a imaginação e a moral. Embaixo, os instintos e o inconsciente.

    "A assinatura é uma biografia abreviada", concluiu Pulver. Em tese, não existe assinatura que não vale nada. Exceto na visão do governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB).

    Na tentativa de eximir-se de culpa em processo que apontou corrupção e desvio de verbas públicas pelo grupo político de Sérgio Cabral, Pezão minimizou à Justiça seu papel na homologação de concorrências viciadas: "Eu só assinava", escusou-se o ex-secretário de Obras.

    O Maracanã, outrora maior estádio do mundo, resume-se hoje a símbolo maior da corrupção nas gestões de Cabral e Pezão. A reforma havia sido inicialmente orçada em R$ 700 milhões. Uma dezena de contratos aditivos depois, custou R$ 1,2 bilhão (71% acima do orçamento previsto). Delatores afirmaram que Cabral, antes de abrir licitação fajuta, já decidira que a obra seria tocada por Odebrecht, Delta e Andrade Gutierrez, com o pagamento de propina por parte das empreiteiras.

    Pezão colocou seu jamegão em contratos superfaturados. Como governador, determinou auditoria nas obras. Designou um dos investigados por corrupção para dizer se havia corrupção nos próprios contratos que corrompeu. Os estudos, disse o governador, não encontraram superfaturamento algum. Pezão endossa a conclusão com aquela assinatura que não vale nada.

    plínio fraga

    Na Folha, foi repórter especial e editor de 'Brasil'. Foi editor de política do 'Jornal do Brasil' e repórter da 'Piauí' e de 'O Globo'. Doutorando na UFRJ e autor da biografia 'Tancredo Neves, o Príncipe Civil'

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