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    Plinio Fraga

    Sem salário, Nuzman chegou ao ouro olímpico em barras

    07/10/2017 02h00

    Ian Cheibub/Folhapress
    PF prende presidente do COB (Comitê Olímpico do Brasil) e do comitê organizador da Rio-16
    PF prende Nuzman, presidente do COB (Comitê Olímpico do Brasil) e do comitê da Rio-16

    RIO DE JANEIRO - Carlos Arthur Nuzman, 75, passou 22 anos como presidente do Comitê Olímpico Brasileiro. Não tinha salário direto. Entre 2006 e 2016, a Receita Federal, no entanto, apontou que teve crescimento patrimonial de 457%.

    Até ser preso, Nuzman morava em uma das 150 mansões do Jardim Pernambuco, o ponto mais nobre do Rio. Declarou à Receita Federal patrimônio de R$ 7 milhões, que só comprariam um terço da casa vizinha que está à venda na rua Leôncio Corrêa.

    Depois da deflagração de operação da PF, tratou de enviar retificações de sua declaração. Relatava que mantinha em casa o equivalente a meio milhão de reais em moedas estrangeiras, referentes a "sobras de viagens".

    Ex-atleta olímpico, Nuzman só chegou ao ouro em julho de 2014, data em que admitiu ter comprado 16 quilos do metal em barras. Trancafiou-as em um cofre suíço. Atribuiu o valor de R$ 1,5 milhão às peças, "adquiridas com recursos próprios", assinalou à Receita.

    O Ministério Público apreendeu uma chave e cartões da empresa suíça (Ports Francs) que disponibiliza cofres para a guarda de bens. É a mesma empresa utilizada por Sérgio Cabral para ocultar diamantes. Ao contrário de bancos, essas empresas não são obrigadas a questionar ou informar a origem dos recursos e bens que mantêm nos cofres.

    As investigações se direcionam agora para suspeita de que Nuzman tenha recebido dinheiro em contratos estabelecidos pelo COB com um hotel, uma empresa de ônibus e uma empresa de marketing.

    Em 2009, Nuzman estava presente no restaurante do chefe Alain Ducasse, em Mônaco, quando parceiros de negócios escusos de Sérgio Cabral foram fotografados com guardanapos na cabeça. Elegante como é, tratou de manter-se longe do alcance das lentes e de fazer uso ortodoxo dos guardanapos. O que não significou que tivesse mantido a compostura.

    plínio fraga

    Na Folha, foi repórter especial e editor de 'Brasil'. Foi editor de política do 'Jornal do Brasil' e repórter da 'Piauí' e de 'O Globo'. Doutorando na UFRJ e autor da biografia 'Tancredo Neves, o Príncipe Civil'

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