• Colunistas

    Monday, 06-May-2024 15:53:00 -03
    PS:SP - Chico Felitti

    Olivier Anquier vai transformar sua cobertura no centro em restaurante

    01/05/2016 02h00

    Olivier Anquier vai transformar sua cobertura na praça da República em um restaurante

    A história de Anquier com o edifício Esther começou dez anos atrás. "Quando comprei o apartamento lá, todos acharam que eu era louco", diz o chef de 56 anos. Isso porque o Esther, primeiro edifício modernista da cidade, não era lá muito bem-afamado.

    Havia no condomínio de 11 andares uns vendedores de ouro, apartamentos no esquema "cama quente" (com pessoas dormindo na mesma cama em turnos) e uma mesquita, que cinco vezes por dia emitia o "adhaan", chamando para a reza.

    Em 2008, a prefeitura anunciou o plano de desapropriar o imóvel, inaugurado em 1936. Os 101 apartamentos e escritórios dariam lugar a um prédio da Secretaria Municipal de Educação.

    Encontrou plantas originais com o neto do arquiteto que bolou o prédio, Álvaro Vital Brazil. Ajudou a articular um choque de gestão que reduziu a inadimplência, que chegava a 70%, segundo um morador com mais de 30 aos de prédio. Entrou em contato com o Condephaat, que gerencia os prédios tombados da cidade, para saber o que era preciso reformar para que o prédio estivesse nos conformes. Em três anos, a situação do Esther se estabilizou, e ele ficou com os moradores..

    Mas havia ainda um empecilho: a proibição de usar o teto comercialmente. Até que a advogada da família encontrou uma ata de reunião do condomínio, de meados da década de 1980, em que a prática tinha sido votada e liberada.

    O alvará para usar a laje como restaurante saiu há duas semanas, e a obra de recuperação do imóvel, que ficou fechado por três anos, quando o chef se mudou para um prédio atravessando a rua, está andando a toque de caixa. "Queremos inaugurarrr em julho", diz, com sotaque francês, Pierre Anquier, 36.

    Apresentado como "o irmão que de fato estudou gastronomia na escola", Pierre já tinha passado uma temporada no Brasil quando Olivier abriu uma padaria em outro ícone da arquitetura paulistana: o edifício Paquita, em Higienópolis. Há três meses voltou de vez, para ajudar o irmão a tocar a casa, que terá um "rooftop" descoberto, um balcão que começa no coberto e termina no sereno e terá 90 lugares.

    É em meio a tijolos, fios desencapados e uma vista acachapante das árvores da República que na quarta (4) eles farão a festa de lançamento do livro "Diários do Olivier - Receitas da Bocaina", com pratos que aprendeu ao redor do mundo e reproduz na sua casa de campo.

    As portas devem abrir em julho. Dois meses depois, o térreo do mesmo prédio deve sediar uma padaria da família. "Sempre achei essa vizinhança parecida com Paris. Agora deve ficar mais", diz Olivier.

    PS:SP

    Escreveu até maio de 2016

    Chico Felitti

    Chico Felitti nasceu em São Paulo, mas foi criado alhures. Nos últimos dez anos vem correndo atrás do tempo perdido e buscando os segredos da cidade.

    Edição impressa

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024