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    Gol de advogado

    15/12/2013 01h10

    Em maio de 1969, o advogado José Carlos Vilela, do Fluminense, foi à Justiça Comum pedir absolvição do centroavante Flávio, suspenso do jogo contra o América por ter recebido o cartão vermelho contra o Vasco.

    O juiz Renato de Almeida Machado aceitou o argumento de que era inconstitucional punir qualquer cidadão brasileiro sem direito de defesa. Flávio jogou e fez o gol da vitória por 2 x 1 sobre o América aos 40 minutos do segundo tempo.

    A expressão "tapetão" nasceu no futebol brasileiro a partir desse caso, decidido nos tapetes dos tribunais. O Flu foi campeão carioca daquele ano.

    O resultado do campo deve ser preservado sempre. A Portuguesa deve ir a julgamento, porque cometeu um erro grave. O melhor é ser absolvida, por não haver dolo.

    Tapetão e violência voltaram às manchetes. As brigas devem levar aos tribunais da Justiça Criminal os brigões. Mas as conversas da semana trazem propostas que podem ampliar o tapetão, em vez de reduzi-los. Na terça-feira, o presidente do STJD, Flávio Zveiter, disse textualmente o seguinte: "Não são torcedores, são marginais!" De acordo.

    Mas o argumento prosseguiu: "Se os clubes forem punidos com perda de pontos, esses torcedores vão pensar duas vezes". Ops! Mas se são marginais e não torcedores...???

    O maior patrimônio do futebol de um país é seu campeonato. O Brasileirão, coitadinho, anda sendo judiado. Todos os pecados são pagos pelo campeonato. Torcida brigou, clube grande joga a 100 km de distância. Ano que vem, entra em campo com portões fechados e silêncio absoluto.

    No mundo inteiro, se um time escala jogador irregular perde os pontos que conquistou em campo. No caso de Héverton, a Portuguesa perderia o ponto que conquistou em campo. Só! Aqui, perde três pontos e mais o ponto ganho na partida.

    Flávio Zveiter e Paulo Schmidt propuseram a perda de pontos para os clubes cujas torcidas brigarem. Loucura!

    Se fosse vivo, José Carlos Vilela poderia pedir apenas para seguir as leis em vigor. Quem bater com um pedaço de pau na cabeça de outro cidadão na avenida Paulista será preso, julgado e condenado. Se acontecer nos arredores ou dentro do estádio deve acontecer o mesmo.

    Cabe ao Estado proteger os cidadãos brasileiros. O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, felizmente e finalmente entrou na briga para tentar solucionar o problema da violência no futebol.

    Seu desafio é cumprir as leis. Fazer a polícia prender e a Justiça manter presos os assassinos. Impedir os brigões de entrar nos estádios. Nesses casos, há dolo.

    Pedir perda de pontos dos times dos torcedores violentos?

    Melhor escalar times com 12: um goleiro, dois laterais, dois zagueiros, dois volantes, dois meias, dois atacantes e um advogado.

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    É jornalista desde os 18. Cobriu as Copas de 1994, 1998, 2006, 2010 e 2014. Hoje, também é comentarista. Escreve aos domingos
    e segundas-feiras.

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