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    A guerra dos cem anos

    DE SÃO PAULO

    24/08/2014 02h00

    O meia Diego Souza negociou seu retorno ao Palmeiras, mas preferiu assinar com o Sport, no início de agosto. Depois da negociação concluída, um de seus representantes afirmou: "Daqui a três ou quatro anos, vai haver uma divisão entre os clubes. Alguns serão ex-grandes. Só alguns estarão entre os gigantes."

    A evidente referência ao Palmeiras pode ser exagerada. Ao mesmo tempo é um sinal extra de que o histórico clube que completa 100 anos nesta terça precisa movimentar-se para se manter entre os campeões.

    São vinte anos sem ganhar o Brasileiro, quinze de distância da conquista da Libertadores, apenas duas taças no século 21. A última delas, a Copa do Brasil de 2012, veio no ano do rebaixamento. Em vez de orgulho, o ano retrasado traz aos palmeirenses receio de vê-lo repetir-se.

    Ultrapassar a fronteira e colocar-se de novo entre os que ganham campeonatos com frequência já era um desafio quando Luiz Gonzaga Belluzzo assumiu a presidência, em 2009. Os troféus não vieram, a construção do novo estádio, sim. Havia um motivo de orgulho e de ousadia.

    Arnaldo Tirone deu a Copa do Brasil, mas aumentou a dívida –Della Monica e Belluzzo também– e jogou o clube nas trevas da Segundona –Mustafá idem.

    Com Paulo Nobre, seria necessário aumentar a receita e diminuir a dívida. A receita diminuiu e a dívida cresceu. Foi isso o que aconteceu, mesmo que alguém argumente com a "generosidade" de Paulo Nobre, que emprestou a juros mais baratos do que o mercado cobra.

    De todas as obrigações do mercado moderno do futebol, só uma coisa andou em frente. As divisões de base estão reformuladas e começam a produzir jogadores. O lateral Vítor Luís e o volante Renato são titulares. O técnico Ricardo Gareca já escalou o meia Eduardo Júnior e observa o atacante Gabriel Jesus, o Borel. A situação hoje não é igual à do período da fila na década perdida de 1980. É pior.

    Naquela época, o futebol brasileiro era estadual e os grandes clubes levavam sua grandeza para as disputas nacionais. Só por isso o Brasil é o único país do mundo com supostos doze clubes gigantes.
    Esse número não vai resistir.

    Em onze campeonatos de pontos corridos, só seis clubes foram campeões. Some Inter e Atlético-MG, campeões da Libertadores nesse período. Vasco e Palmeiras ganharam a Copa do Brasil, Grêmio e Botafogo não ganharam torneio nacional.

    Nem os vencedores são estáveis. Atlético, Flamengo e Fluminense também precisam evitar aproximar-se da linha tênue que dividirá os vencedores dos ex-grandes.

    A reflexão do Palmeiras é mais séria. A torcida envelhece, os títulos rareiam. Ao mesmo tempo, é o único clube do país com dois sócios potenciais: W. Torre e Allianz. Aos co-proprietários do estádio, não interessa um time medíocre. Aos palmeirenses de coração, também não.

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    É jornalista desde os 18. Cobriu as Copas de 1994, 1998, 2006, 2010 e 2014. Hoje, também é comentarista. Escreve aos domingos
    e segundas-feiras.

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