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    PVC - Luiz Fernando Cosenzo

    A história do campeão

    DE SÃO PAULO

    24/11/2014 02h00

    Em dezembro de 2012, havia duas notícias antagônicas nos jornais mineiros. Uma dizia que o Atlético havia contratado Ricardo Goulart. Outra, que o destino do meia do Goiás seria o Cruzeiro: "Mas já tínhamos acertado com Goulart desde agosto daquele ano", diz o diretor de futebol celeste, Alexandre Mattos.

    Cuca dizia ver em Ricardo Goulart o melhor jogador da Série B de 2012. É provável que seja eleito o craque da Série A de 2014.

    O Cruzeiro ganhou a concorrência, porque se planejou. E porque se organizou, dominou as últimas duas temporadas do futebol brasileiro, depois de dois anos perto da zona de rebaixamento.

    Um dos pontos propostos na montagem do Cruzeiro bicampeão brasileiro foi o estilo de jogo que historicamente caracterizou o grande clube de Minas Gerais. "Buscamos jogadores que nos fizessem ser técnicos, rápidos e ofensivos", afirma Mattos.

    Editoria de Arte/ Folhapress

    Entre 2007 e 2012, o dono do melhor ataque do Brasileirão não levantava a taça. Nas duas campanhas do bi, o Cruzeiro teve o ataque mais positivo –neste ano, pela primeira vez em dez temporadas, o vice-campeão pode ter o segundo maior número de gols.

    Em 2011, o Cruzeiro salvou-se do rebaixamento na última rodada com goleada sobre o Atlético por 6 x 1. Em agosto de 2012, o time estava em oitavo lugar e começou a montar o elenco para o ano seguinte, ao perceber que não teria a aflição para não cair.

    Ricardo Goulart foi contratado naquele mês. Everton Ribeiro só em novembro, logo depois de o Cruzeiro acertar a situação do técnico Marcelo Oliveira, o eleito para fazer o estilo rápido, ofensivo e técnico.

    O Cruzeiro jogou assim sempre que foi campeão brasileiro. Desde a Taça Brasil de 1966, ano em que fulminou o Santos de Pelé por 6 x 2 com a técnica de Tostão, a força de ataque de Dirceu Lopes e a rapidez do ponta-direita Natal.

    O que mais o Cruzeiro de 2014 tem que seus rivais não têm? Continuidade. Seis titulares do jogo da taça contra o Goiás, ontem no Mineirão, jogaram também contra o Vitória na confirmação do Brasileirão de 2013.

    Mas na maior parte da campanha, oito titulares foram iguais aos do ano passado –Dedé está machucado e Mayke tinha lesão no Barradão há um ano.

    Havia vinte anos sem um bicampeão com oito titulares iguais ao ano anterior –desde o Palmeiras de Rivaldo, Zinho, Edmundo e Evair, em 1994. Num país onde se muda de elenco como de roupa, acreditar na formação do time faz toda a diferença.

    Muito antes de se festejar e de levantar um troféu, é preciso entender como se quer jogar, onde estão os jogadores e o técnico para impor esse estilo. Depois, é necessário acreditar e dar continuidade a essa equipe.

    Essa é a grande lição oferecida pelo Cruzeiro nos últimos dois anos.

    COADJUVANTE

    Valdivia foi coadjuvante no primeiro tempo no Couto Pereira. Não tinha condição física. Enquanto esteve em campo, fixava-se como centroavante quando o Coritiba saía jogando. Henrique voltava para marcar. Nestas condições, o esforço não compensava. Dorival perdia um meia e Henrique.

    CONSCIÊNCIA

    O discurso do vice de Muricy foi preciso. O São Paulo começou tarde a preparação. Alan Kardec e Kaká só estrearam em julho e o time precisou ser construído durante a competição. Parece simplista, não é. Vinte clubes foram convidados para a maratona e só o Cruzeiro apareceu para largar no horário marcado.

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    É jornalista desde os 18. Cobriu as Copas de 1994, 1998, 2006, 2010 e 2014. Hoje, também é comentarista. Escreve aos domingos
    e segundas-feiras.

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