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    A última vez

    07/12/2014 02h00

    Diede Lameiro escalou Gilmar, Sóter, Beto Fuscão, Édson e Pedrinho; Pires, Vanderlei e Freitas; Lúcio, César e Baroninho. O Palmeiras empatou por 2 x 2 com o Marília, terminou o segundo turno do Paulistão de 1980 em 19º lugar, fechou o campeonato em 16º entre vinte participantes do estadual.

    Foi rebaixado para a Taça de Prata, espécie de segunda divisão na época em que o Paulista era classificatório para o Brasileirão "" como a Champions League atual.

    "Õ, ão, ão, segunda divisão!"

    Quem é palmeirense e tem perto dos 45 anos se lembra de ouvir esse grito na escola. Paulo Nobre era menino quando o Palmeiras subiu da Taça de Prata para a de Ouro em fevereiro de 1981, ano que iniciou entre os rebaixados. O Palmeiras de Sena fez 2 a 0 no Guarani de Jorge Mendonça e Careca. Era difícil!

    Mas caiu de novo em novembro.

    O Palmeiras soube que iria à Taça de Prata pelo segundo ano seguido com João Marcos, Nenê, Luís Pereira, Polozi e Pedrinho; Adauto, Freitas e Célio; Jorginho, Reginaldo e Marquinhos, escalados por Jorge Vieira contra a Ponte Preta.

    "Ô, ô, ô, queremos jogador!"

    O presidente Brício Pompeu de Toledo poderia apontar para o investimento no retorno de Luís Pereira, na manutenção do lateral Pedrinho, ou dizer que o elenco tinha bons jogadores como Jorginho...

    O problema concreto nunca foi falta de jogador. Falta observação e visão, falta sistema.

    Em 2002, o Palmeiras caiu com Marcos, Arce, Zinho, Fabiano Eller, Dodô, Rubens Cardoso, Leonardo Moura... Levir Culpi escalou até Vagner Love em início de carreira.Não é problema exclusivo de Paulo Nobre. Vem desde Jordão Bruno Sacomani, presidente deposto em 1977.

    Nos velhos tempos, em que o diretor de futebol Arnaldo Tirone (o pai) e o presidente Delfino Facchina montavam times buscando jogadores no interior, sobravam informações das que não se lê em jornais. O Palmeiras comprou Luís Pereira do São Bento, descobriu Alfredo nos juvenis, o ponta Nei na Ferroviária, o lateral Eurico no Botafogo de Ribeirão...

    "Se perguntar no clube quem é Vítor Hugo ou Jonas, ninguém sabe", disse um funcionário do Palmeiras, referindo-se ao zagueiro do América-MG e ao volante do Sampaio Corrêa. Bons jogadores da Série B.

    Ano passado, o Palmeiras era obrigado a vê-los e nem assim os descobriu. O Torino foi o maior clube da Europa em 1949. Foi rebaixado pela primeira vez dez anos depois, ganhou um título em 1976 e caiu mais cinco vezes depois. Não vence um clássico há vinte anos! O Atlético de Madrid passou duas temporadas seguidas na 2ª divisão. Virou médio, voltou a ser importante.

    Mas vencer hoje e escapar do descenso precisa ser um marco. Ou o Palmeiras volta a brigar por títulos em 2015 ou corre o risco de nunca ser respeitado como antes.

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    É jornalista desde os 18. Cobriu as Copas de 1994, 1998, 2006, 2010 e 2014. Hoje, também é comentarista. Escreve aos domingos
    e segundas-feiras.

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