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    Santos em apuros

    DE SÃO PAULO

    14/12/2014 02h00

    Luis Álvaro de Oliveira Ribeiro assumiu o comando do Santos em janeiro de 2010 com dois meses de salários atrasados, dívidas de três de direitos de imagem e o 13º salário para pagar. Quem vive no Santos hoje diz que o cenário atual é exatamente igual ao de dezembro de 2009.

    Há uma única diferença: não tem Neymar.

    Sobre a eleição de ontem, há apenas uma coisa a dizer ao presidente eleito. Não é parabéns. É boa sorte!

    Há cinco anos, havia um trabalho sólido nas divisões de base e a ideia de fortalecer o time a médio prazo. Por que vender se ganha-se mais exposição e títulos mantendo craques no Brasil. Em quatro anos, o Santos criou o projeto Neymar e fez o craque sair do Brasil recebendo mais dinheiro por ano do que Cristiano Ronaldo recebia no Real Madrid.

    Deveria ser o legado do Santos para todo o futebol do Brasil.

    Virou um mico!

    Sem dinheiro, todas as lideranças do clube hoje pensam que vender Gabriel é o melhor caminho. Poucos entenderam que durante dois anos os contratos publicitários de Neymar devolveram aos cofres santistas os R$ 150 mil mensais que o clube lhe pagava. Neymar recebeu perto de R$ 3 milhões por mês sem o Santos gastar nenhum centavo.

    O Manchester United tem dívida de 550 milhões de euros e receita anual de aproximadamente 500 milhões. Pagar 80 milhões de euros para ter o argentino Di Maria só se explica para ter o time forte, ganhar mais títulos e consolidar sua marca.

    Pelos mesmos motivos, o Santos tentou ensinar ao Brasil que era bom ter Neymar. Foi campeão da Libertadores, pauta dos principais jornais do mundo e aumentou sua torcida no país inteiro.

    Hoje a lógica santista é outra: revelar para vender. Igual ao que todos fazem. Sem dinheiro, sem nenhum grande talento nas divisões de base e cheio de dívidas, é possível que o novo presidente sofra para conseguir fazer o Santos brigar por taças como brigou até 2012.

    POR QUE NÃO EU?

    Ronaldo Fenômeno investiu e virou sócio do Fort Lauderdale Strikers, da liga americana. É o segundo brasileiro a pôr dinheiro num clube americano. Antes, o empresário Flávio Augusto de Souza vendeu a escola de inglês Wise Up, que fundou, e comprou o Orlando City. É lá que Kaká vai jogar.

    Já não é novidade haver dinheiro brasileiro em empresas americanas. As marcas Budweiser e Burguer King têm investidores do Brasil. A diferença é que o dinheiro brasileiro agora serve para fazer nos Estados Unidos o produto mais brasileiro que existe: bom futebol.

    Ronaldo Fenômeno e Flávio Augusto da Silva poderiam fazer futebol aqui mesmo, se julgassem possível haver a médio prazo um campeonato forte, com segurança e condição de trabalhar a longo prazo.

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    É jornalista desde os 18. Cobriu as Copas de 1994, 1998, 2006, 2010 e 2014. Hoje, também é comentarista. Escreve aos domingos
    e segundas-feiras.

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