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    Cabo de guerra

    12/01/2015 02h00

    Não tem dinheiro!

    E essa razão objetiva fez o presidente Mario Gobbi dizer que o Corinthians não contrataria o atacante Dudu, sexta-feira. À parte o cuidado para não fazer parecer que Dudu é Pelé –não é–, o episódio em que o candidato Roberto de Andrade e o ex-presidente Andres Sanchez trabalharam para contratar o atacante, e Gobbi vetou, evidencia a divisão política da facção que tentará se manter no poder na eleição de 7 de fevereiro.

    O Corinthians está dividido em cinco. O de Andrade e Sanchez, dos candidatos Paulo Garcia, Roque Citadini e Ilmar Schiavenatto, e o do atual presidente Mario Gobbi, pés no chão e cofres vazios.

    Como só um Corinthians vai jogar a Libertadores, o cabo de guerra eleitoral com cada um puxando para um lado só atrapalha.

    Se houvesse um Corinthians apenas e esse afirmasse em alto e bom som que não se reforçará neste ano, porque tem de pagar o estádio e porque pagou R$ 50 milhões em impostos atrasados no segundo semestre de 2014, ainda assim o Corinthians poderia ter um time forte –e pode!

    Editoria de Arte/Folhapress

    Um ano depois do fiasco contra o Tolima, Tite orientou uma equipe em 2012 sem a velha obsessão de conquistar o troféu internacional. Havia paz e o entendimento de que a Libertadores era título muito importante, tanto como o Brasileirão ou a Copa do Brasil.

    Deixou de ser uma questão de vida ou morte. Em vez de obsessão, a Libertadores tornou-se desejo. O título foi um prêmio à tranquilidade.

    A lembrança de como tratou a campanha de 2012 diferentemente do que ocorria no passado precisa voltar à memória do elenco que se prepara para a temporada. O Corinthians tem um bom goleiro, uma defesa segura que precisa de mais um zagueiro, bons volantes como Cristian, Ralf e Elias, meias como Lodeiro e Renato Augusto, a revelação Malcom e o centroavante Guerrero.

    Tite tem competência para fazer esse elenco jogar bem contra o Once Caldas, classificar-se contra São Paulo e San Lorenzo na fase de grupos e disputar os mata-matas em igualdade com Boca Juniors, River Plate ou quem mais chegar.

    Neste momento, a eleição cria a ideia de que a equipe é fraca, porque a busca por reforços esbarra nas dificuldades que o poder atual criou. O dinheiro sumiu porque Mario Gobbi gastou com jogadores que não renderam –Pato é o melhor exemplo– e porque precisou tirar de onde não tinha para salvar a pele de ex-dirigentes pagando impostos atrasados –Andres Sanchez era um deles.

    O Corinthians teve inteligência para sair do rebaixamento em 2007 e ganhar a Copa do Brasil com um time médio em 2009. É possível fazer o mesmo agora.

    Mas é preciso que exista um Corinthians só. A disputa não é para saber quem é mais incompetente entre os que disputam o poder. É para fazer o Corinthians forte no ano de futebol que vai nascer.

    SER GRANDE É...

    ... ser temido pelos rivais. Não ser digno de pena, mas de certa inveja e uma ponta de raiva. A contratação de Dudu pelo Palmeiras recoloca o clube no foco de corintianos e são-paulinos, como não ocorrida desde 2009. Quando o São Paulo contratou Alan Kardec e o Palmeiras tirou Henrique da Portuguesa, era como se na cadeia alimentar do futebol o clube de Paulo Nobre não concorresse com os gigantes, só ameaçasse os frágeis. Nenhum dirigente tem varinha de condão. Mas a companhia de Alexandre Mattos pode representar para Nobre a dose de ousadia necessária para combinar com sua prudência.

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    É jornalista desde os 18. Cobriu as Copas de 1994, 1998, 2006, 2010 e 2014. Hoje, também é comentarista. Escreve aos domingos
    e segundas-feiras.

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