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    Grande sacada

    12/04/2015 02h00

    O volante do Grêmio, Paulo Bonamigo, bateu falta da intermediária. O goleiro Tonho, do São Paulo, julgou que José Roberto Wright tivesse levantado o braço, indicando cobrança em dois toques. Não tinha. Tonho saiu da frente da bola e Bonamigo correu para comemorar o gol legítimo.

    O Grêmio marcou o segundo, com Caio Júnior. O São Paulo reagiu com golaço de Careca e sem-pulo de Silas. O empate por 2 a 2 provocou a eliminação precoce do Brasileirão de 1985, mas o Pacaembu aplaudiu de pé os meninos e o técnico Cilinho.

    Se havia alguma dúvida de que aquele time de garotos iria funcionar, acabou ali, na noite de 10 de abril. "Faz 30 anos, é? Aquele dia foi especial", reagiu o então médico do São Paulo, Marco Aurélio Cunha.

    A criação daquela equipe, apelidada de Menudos em referência ao grupo musical de adolescentes porto-riquenhos, foi o grande legado de Carlos Miguel Aidar em seu primeiro período como presidente do São Paulo.

    Começou com a sacada de contratar um técnico acostumado a trabalhar com meninos. Cilinho chegou sem badalação e só ficou por crença no que se estava fazendo, depois de ser o modesto terceiro colocado no Paulistão de 1984. Ideia de Juvenal Juvêncio, a quem Aidar delegava o futebol naquele tempo.

    É tão difícil contratar um técnico sem grife e manter seu trabalho apenas por convicção... Em dezembro de 1985, os Menudos foram campeões paulistas.

    Segunda-feira passada, Ataíde Gil Guerreiro foi à casa de Muricy na tentativa de mantê-lo no cargo. Desistiu por perceber que nem o técnico acreditava na virada. E então começou o embate. Esperar ou não por Alejandro Sabella, o técnico vice-campeão mundial?

    Também houve conversa com Jorge Sampaoli e, do Chile, veio recado de que é possível assumir um dia após a Copa América –5 de julho. Esperar três meses parece demais.

    A situação também lembra os Menudos. Em 1986, Cilinho pediu demissão depois de vencer o Santos por 2 x 1. Os onze jogos anteriores haviam registrado nove empates e duas derrotas. O São Paulo decidiu contratar Pepe, que só poderia assumir depois do Paulistão. José Carlos Serrão foi interino entre 16 de julho e 14 de setembro. Cinco meses depois, o São Paulo de Pepe foi campeão brasileiro.

    É bem mais fácil contar o passado do que prever o futuro. Abel Braga pode assumir num estalar de dedos. Há a convicção de que mudará o ânimo imediatamente. Mas há dúvidas sobre como será no futuro. O mesmo vale para Luxemburgo.

    De todos, quem mais pode fazer um time revolucionário, como aquele de 30 anos atrás, é Sampaoli.

    Mas tomar uma decisão destas e correr o risco de perder a Libertadores. Seria tão corajoso quanto tentar ser campeão brasileiro com um time de garotos.

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    É jornalista desde os 18. Cobriu as Copas de 1994, 1998, 2006, 2010 e 2014. Hoje, também é comentarista. Escreve aos domingos
    e segundas-feiras.

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