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    O avesso do avesso

    17/05/2015 02h00

    Há uma certa soberba em dizer que o Corinthians foi eliminado pelo Guaraní por soberba. Não pode ter sido só porque o time paraguaio jogou melhor? Tite definiu de maneira mais objetiva a derrota. O Corinthians jogou muito mal em Assunção, teve um bom primeiro tempo em Itaquera e se perdeu depois da expulsão de Fábio Santos.

    A história não é tão diferente do Tolima.

    Mudaram as declarações.

    O diretor de futebol Sérgio Janikian e Vagner Love usaram frases desastradas. Love não entrou em campo em nenhum dos dois jogos. Janikian respondeu em Assunção sobre as três hipóteses possíveis no clássico contra o São Paulo, que definiu o cruzamento contra os paraguaios: 1. Se o Corinthians virasse o jogo, pegaria Universitário Sucre nas oitavas e Emelec nas quartas de final; 2. Se fizesse só um gol e perdesse por 1x2 pegaria o Atlético-MG; 3. Se seguisse perdendo por 0x2 enfrentaria o Guaraní.

    Como estava difícil virar o jogo contra o São Paulo, com nove homens contra dez no segundo tempo, Janikian julgou um presente de Deus enfrentar o Guaraní. Também falou sobre a história de 111 anos do clube do Paraguai e sobre a dificuldade da partida.

    Como quem fez a pergunta e ouviu a resposta foi este colunista, parece importante ressaltar que a frase foi infeliz, mas o contexto muda a percepção.

    Só que a frase de Janikian fez muita gente julgar a soberba corintiana responsável pelo vexame.

    Ops...

    Se houve soberba, é porque o adversário deveria ser respeitado. Se o Guaraní era respeitável, perder não foi exatamente um vexame...

    A discussão é semântica, apenas.

    Mas passar dias julgando que o Corinthians perdeu para sua arrogância e não para um rival estruturado demonstra como a soberba não é exclusividade dos jogadores e dirigentes do Corinthians. É de todos nós. De todo o futebol brasileiro.

    Não importa que a semifinal da Libertadores do ano passado tenha reunido San Lorenzo, Nacional do Paraguai, Defensor do Uruguai e Bolívar. Nem importa que o San Lorenzo tenha eliminado Botafogo, Grêmio e Cruzeiro, o Bolívar tirado o Flamengo na fase de grupos e o Nacional do Paraguai ter enfrentado o Atlético-MG duas vezes sem perder nenhuma.

    O Corinthians não perdeu por soberba, embora tenha demorado a perceber que estava jogando mal havia um mês. Perdeu porque a Libertadores prega este tipo de peça.

    É difícil achar o lugar exato na linha tênue onde o Brasil precisa andar. Ter a confiança de ser o único país com representantes em 22 das últimas 23 semifinais de Libertadores. Também entender a força dos que parecem fracos. O Basel tirou o Liverpool da Champions League, o Guaraní eliminou o Corinthians da Libertadores e o Santa Fé vai vender caro a vaga nas semifinais para o Inter.

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    É jornalista desde os 18. Cobriu as Copas de 1994, 1998, 2006, 2010 e 2014. Hoje, também é comentarista. Escreve aos domingos
    e segundas-feiras.

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