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    Terra estrangeira

    24/05/2015 02h00

    Último técnico bicampeão da Liga dos Campeões, pelo Milan de 1989 e 1990, Arrigo Sacchi lançou seu novo livro, "Calcio Totale", e também uma polêmica. Disse que o título da Champions da Internazionale de José Mourinho, em 2010, foi "uma vergonha!" Explicou: "Não havia nenhum italiano na equipe e nem o técnico expressava o futebol do país."

    Há um exagero na frase do ex-treinador, mas é inegável que também há um excesso nas formações de elencos supranacionais na Europa. Até o Barcelona, campeão em 2011 com sete titulares espanhois, rendeu-se e venceu a semifinal contra o Bayern com sete estrangeiros.

    A Juventus, alvo da torcida de Arrigo Sacchi por ter técnico e base italianos, escalou seis "stranieri" em Madri, contra o Real.

    A visão do ex-treinador do Milan não é xenófoba, só não privilegia o excesso: "Se exagerar na inclusão de estrangeiros, acaba-se perdendo a característica do futebol do país, sua cultura."

    Na Premier League, 55% dos jogadores são estrangeiros e eles contribuíram muito para a evolução do futebol jogado na Inglaterra. Na Itália, são 52% de "stranieri".

    Durante anos afirmou-se que o Brasil não olha para a América do Sul e por isso perde oportunidades de contratar bons jogadores. O Brasileirão começou com o maior número de estrangeiros de sua história –49. Tevez, Conca e Petkovic são exemplos de craques internacionais que deram a taça às suas torcidas.

    Mas nem todos os contratados são gênios. É inegável o valor de ter jogadores como D'Alessandro, do Inter, De Arrascaeta, do Cruzeiro, Lucas Pratto, do Atlético-MG, ou Guerrero, do Corinthians. A busca por reforços a cada derrota faz mudar os elencos a cada seis meses e produz erros demais nas contratações tanto de brasileiros quanto de estrangeiros.

    A lista dos que estão no banco –ou nem isso– é enorme. Cárdenas, do Atlético-MG, Cristaldo e Tobio, do Palmeiras, Braian Rodriguez, do Grêmio, Victor Cáceres, do Flamengo, Luque e Freitas, do Inter, Romero, do Corinthians, Centurión, do São Paulo.

    Impressiona ainda mais a lista dos que já se foram. Fucile, Patito e Miralles, do Santos, Victorino, Eguren e Mendieta, do Palmeiras, Clemente Rodriguez e Cañete, do São Paulo, Cachito Ramírez e Defederico, do Corinthians...

    Se houvesse menos pressa, as contratações seriam em menor número e mais certeiras. O erro é não dar tempo para o time se montar. Isso é o que derruba a qualidade dos jogos a cada semana.

    Perguntado se o Inter precisa de reforços para o Brasileirão, o técnico uruguaio Diego Aguirre foi cirúrgico: "Estamos em maio, é tempo de manter o elenco. Nesta época do ano, meus jogadores são sempre os melhores do mundo."

    E podem ter nascido em qualquer lugar do planeta.

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    É jornalista desde os 18. Cobriu as Copas de 1994, 1998, 2006, 2010 e 2014. Hoje, também é comentarista. Escreve aos domingos
    e segundas-feiras.

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