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    Se conselho fosse bom...

    14/06/2015 02h00

    Marco Polo Del Nero, presidente da CBF, abriu a reunião com os presidentes de clubes na segunda-feira passada dizendo que quem tivesse dúvidas sobre seu envolvimento no caso das propinas da Fifa poderia fazer perguntas. Nenhum presidente de clube levantou a mão.

    A chance de haver renúncia e novas eleições na CBF é aparecer um negócio irregular nos Estados Unidos, como nos casos de José Maria Marin, Rafael Esquivel, Eugenio Figueredo e Eduardo Li.

    Ser ou não ser o coconspirador 12: eis a questão.

    Enquanto isso, os movimentos na CBF são de estudioso jogador de xadrez.

    O presidente do Flamengo, Eduardo Bandeira de Mello, a mais sóbria voz na discussão sobre a Lei de Responsabilidade, diz perceber um sopro de modernização. Para ele, a CBF avança para ter administração mais transparente.

    Talvez até por se notar que não há mais espaço para tanta sujeira, depois de tantos anos de roubalheira.

    Talvez...

    Houve quem entendesse a reunião na CBF na segunda-feira passada como um cala-boca pela criação do conselho técnico e por ampliar o poder dos clubes na organização do Brasileirão. Não é assim tão simples.

    O presidente do Atlético-PR, Mário Celso Petraglia, perguntou sobre o interesse de todos na criação da liga, que funcionaria como a Premier League (na Inglaterra) ou a Bundesliga (na Alemanha) e cuidaria de todos os detalhes do Brasileirão. Só o Fluminense saiu da reunião com prazer em discutir a ideia.

    Há razão econômica para isso: Atlético-PR e Fluminense estão muito abaixo de Flamengo e Corinthians na divisão do dinheiro da televisão.

    O Corinthians, vice-campeão no rateio, não quer nem ouvir falar em liga e o Flamengo, campeão na divisão do dinheiro, tem uma visão objetiva: "Será bobagem se quiserem criar a liga só para discutir a TV", diz Eduardo Bandeira de Mello.

    COMO UMA EMPRESA

    A liga seria muito melhor do que o conselho técnico, porque poderia funcionar como uma empresa –ou efetivamente ser uma.

    Teria diretor de marketing, gestor de produto, cuidado com detalhes desde a qualidade dos gramados utilizados até a iluminação de cada estádio.

    Nos tempos das velhas raposas, das quais Marco Polo foi vice-presidente, Eduardo José Farah costumava ter o livro de Tomás Mazzoni em sua mesa.

    Falava aos jornalistas: "Vocês falam em liga, mas vejo aqui na página tal que havia duas ligas em São Paulo em 1935. Não funcionava e havia dois campeonatos, por causa da divisão..." Anos depois deste blá, blá, blá, Farah se tornou fundador e presidente da Liga Rio-São Paulo.

    O conselho técnico é muito pior do que a Liga, mas ela só será boa se seguir preceitos fundamentais. O Brasileirão tem de ser o melhor campeonato da América. Caso contrário, até ladrões –que têm de ir para a cadeia– vão perder dinheiro.

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    É jornalista desde os 18. Cobriu as Copas de 1994, 1998, 2006, 2010 e 2014. Hoje, também é comentarista. Escreve aos domingos
    e segundas-feiras.

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