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    PVC - Paulo Vinicius Coelho

    Lições do México

    26/07/2015 02h00 Erramos: o texto foi alterado

    Rafael Sóbis tinha convite do Palmeiras e poderia permanecer no Fluminense, em janeiro. Preferiu aceitar a proposta do Tigres e jogar no México. "No Brasil, cada temporada parece levar três anos", disse, logo depois de eliminar o Internacional da Libertadores.

    Referia-se à pressão de jogar em grandes clubes brasileiros, com muitos jogos e pouco público, muitas críticas e pouca visibilidade. Minutos antes, o zagueiro Juninho, ex-Botafogo e São Paulo, olhou para as arquibancadas lotadas do estádio Universitário de Monterrey e afirmou: "Aqui é sempre assim. Todo jogo tem estádio cheio."

    O México só perde em público para os quatro maiores campeonatos do mundo: Alemanha, Inglaterra, Espanha e Itália. São 23 mil torcedores por partida, sete mil a mais do que o Campeonato Brasileiro. O dinheiro sobra, porque cada clube é uma franquia controlada por uma empresa.

    O francês Gignac tinha mercado na França. Foi vice-artilheiro do Campeonato Francês, jogando pelo Olympique de Marselha, do técnico Marcelo Bielsa. Preferiu jogar a Liga MX e foi o melhor em campo contra o Internacional.

    Em 1987, cinco anos antes da criação da Premier League na Inglaterra, quase nasceu a Liga no Brasil. Era o Clube dos 13.

    A Copa União de 1987 não se transformou no mais moderno campeonato da América do Sul e, há três décadas, o Brasil se conforma com um torneio medíocre e com a cultura geral de que toda proposta para vender jogadores brasileiros deve ser aceita.

    No México, técnico demitido no meio do campeonato não pode ser contratado por outra equipe. O resultado é a formação de times mais estáveis e, a médio prazo, melhores.

    O Tigres se classificou para a final e pode ser o primeiro clube mexicano campeão da Libertadores, porque é melhor que o River Plate. Não que tenha melhores jogadores em todas as posições. É superior coletivamente.

    Há dois anos, o empresário Amado Yanes Osuna, presidente do Querétaro, teve seus bens bloqueados acusado de fraudar o banco Banamex. A Liga MX interveio no Querétaro e colocou o clube à venda.

    O Grupo Imagem, dono da Cadena Três de televisão, comprou o clube, contratou Ronaldinho Gaúcho e foi vice-campeão nacional.

    O Brasil tem potencial para ter o quinto —ou o quarto— torneio mais importante do futebol. É possível criar uma liga capaz de ser mais importante que a italiana, inferior à alemã, inglesa e espanhola. Não consegue ser melhor que o México!

    O futebol mexicano não é melhor dentro de campo que o brasileiro. Ganha, perde e empata e, quando ganha, é por ter times mais montados, não por mais talento. Mas o México caminha em direção à modernidade, enquanto o Brasil anda a passos de formiga e sem vontade.

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    É jornalista desde os 18. Cobriu as Copas de 1994, 1998, 2006, 2010 e 2014. Hoje, também é comentarista. Escreve aos domingos
    e segundas-feiras.

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