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    As nossas ofensas

    02/08/2015 02h00

    Mano Menezes foi demitido da seleção na sexta-feira, 23 de novembro de 2012. No dia seguinte, o Corinthians enfrentou o Santos no Pacaembu. Minutos antes do clássico, o presidente Mario Gobbi soltou o verbo:

    "Ninguém vai tirar o Tite daqui. Em 2010, nos tiraram o Mano e perdemos o Brasileirão. Minha seleção é o Corinthians!"

    Tite lembrou a história no início desta semana. Sua percepção é que recebeu a sondagem da CBF e poderia ter sido o técnico da seleção na Copa de 2014. Citou o presidente Mario Gobbi e o assessor de imprensa, Guilherme Prado, como testemunhas.

    Em três semanas, é a segunda lembrança de treinadores oferecidos ou procurados pela CBF antes da contratação de Felipão para o Mundial.

    Daniel Alves afirma que Guardiola se ofereceu à CBF. Tite lembra que a chance poderia ter sido sua. E cada conversa desse tipo provoca reflexões sobre como teria sido a Copa de 2014 sem Felipão.

    A história do fim do ano de 2012 tem dois ingredientes que Tite não destacou. Ao saber do telefonema de um dirigente da CBF para Mario Gobbi, perguntou se a ligação partiu de Andres Sanchez.

    Resposta positiva, Tite desconfiou –Andres pediu demissão do cargo de diretor de seleções quatro dias depois.

    Na época, Tite também disse que não sairia do Corinthians antes do Mundial de Clubes. E que treinar a seleção na Copa do Mundo não seria o cenário ideal. Quem conversou com Tite na época ouviu que a seleção estaria mais pronta para 2018, pelo excesso de juventude em 2014.

    Boa análise!

    ...E se fosse Tite?...E se fosse Guardiola?

    ...E se fosse Mano Menezes?

    É provável que nada mudasse e, de todas as suposições, o cenário mais positivo talvez fosse a permanência de Mano. O time seria muito jovem, mas com trabalho de quatro anos.

    De tudo o que se falou sobre Guardiola ter se oferecido para dirigir a seleção na Copa, a única contradição é imaginar o melhor técnico do mundo aceitar um trabalho de 18 meses.

    Guardiola nunca pegou um time no meio da temporada.

    No Brasil, não faltam bons técnicos nem bons jogadores.

    Falta cultura.

    "É por isso que o técnico tem de ganhar muito. Tem de treinar os jogadores, os dirigentes, a torcida e a imprensa", disse Levir Culpi, sobre as críticas ao meia Dátolo.

    O maior déficit do Brasil é educação. Do futebol brasileiro, a grande dívida é não se perceber que não existe milagre. Ou se trabalha a médio prazo ou o sucesso será por pura sorte.

    Não se espante ao perceber que os melhores jogos do Brasileirão são do Sport e do Atlético-MG. São as equipes estruturadas há um ano e meio. "Pelo tempo de trabalho, é o time que joga de memória", diz Tite, sobre o Atlético.

    Ah, se fosse o Tite!

    E se fosse o Guardiola?

    Não ia adiantar nada!

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    É jornalista desde os 18. Cobriu as Copas de 1994, 1998, 2006, 2010 e 2014. Hoje, também é comentarista. Escreve aos domingos
    e segundas-feiras.

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