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    PVC - Paulo Vinicius Coelho

    Guardiola, confidencialíssimo

    16/08/2015 02h00

    Pep Guardiola é diferente da maior parte dos técnicos em suas entrevistas coletivas. Entra na sala de camiseta básica, com o símbolo do fornecedor de material esportivo estampado na manga esquerda. É diferente, também, porque o escudo de seu clube não aparece no uniforme.

    Nem sempre foi assim.

    A ausência da marca do Bayern em um evento oficial deu-se exatamente na semana em que mais se falou sobre seu desgaste na Alemanha. Uma semana em Munique e vários segredos são desvendados: "O ambiente no vestiário piorou muito desde que Guardiola chegou."

    Quem diz isso convive com os jogadores, de Rafinha a Arjen Robben.

    Não se discute apenas o relacionamento, mas a dificuldade do técnico campeão alemão em suas duas temporadas no Bayern de fazer seu estilo de jogo ser entendido. Comenta-se a quantidade de erros em substituições e estratégias.

    O exemplo citado pela mesma fonte que relata a crise de relacionamento trata o equívoco das alterações na decisão da Supercopa da Alemanha. Aos 26 minutos do segundo tempo, Pep trocou o centroavante Lewandowski pelo lateral brasileiro Rafinha. Aos 37 minutos, tirou Thomas Muller e escalou Mario Gotze. "Ele jogou a equipe para trás, sofreu o gol e não teve um batedor de pênaltis." Thomas Muller poderia executar uma cobrança se estivesse em campo.

    O Wolfsburg venceu a disputa porque Xabi Alonso e Douglas Costa desperdiçaram seus penais.

    O relato é surpreendente. Guardiola é o melhor técnico do mundo, o mais jovem dos bicampeões da Champions League, mas não é unânime. Até três semanas atrás, especulava-se que seu destino poderia ser o Manchester City. A ideia esvaziou-se com a renovação de contrato do técnico chileno Manuel Pellegrini com o clube inglês até o final da temporada 2016/17.

    Renovar o contrato não impede a demissão. Dificulta.

    Em abril, quando o ex-técnico do Borussia Dortmund, Jürgen Klopp, decidiu deixar seu emprego, imaginou-se que Manchester City ou Real Madrid seria seu caminho. Mais tarde, Klopp deixou claro viver seu ano sabático, como Guardiola em 2012.

    Hoje, muitos pensam que Klopp será o sucessor do treinador catalão. Guardiola disse quinta-feira que a seleção brasileira deve ser dirigida por um brasileiro. O Bayern pode julgar que seu estilo requer um treinador alemão.

    Em janeiro de 2013, o Bayern anunciou que Jupp Heynckes deixaria seu cargo e Pep seria o novo treinador. "Foi uma facada nas costas de todos nós. Ganhamos a Champions jogando pelo Heynckes", diz um jogador latino, que estava no elenco naquela temporada.

    O desejo de ter o melhor técnico do planeta na seleção brasileira é legítimo. Só é preciso lembrar como é vida de treinador. Nem Guardiola agrada a todo mundo.

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    É jornalista desde os 18. Cobriu as Copas de 1994, 1998, 2006, 2010 e 2014. Hoje, também é comentarista. Escreve aos domingos
    e segundas-feiras.

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