• Colunistas

    Sunday, 05-May-2024 00:20:38 -03
    PVC - Paulo Vinicius Coelho

    A solução do Palmeiras

    18/10/2015 02h00

    Entre os felizes proprietários de novos estádios do Brasil, o Corinthians tem o melhor retrospecto. Perdeu quatro de seus 49 jogos, um a cada doze. O Grêmio perde um a cada seis, o Palmeiras cai uma vez a cada cinco jogos, como demonstram as derrotas para Goiás, Atlético-PR e Ponte Preta neste Brasileirão.

    A comparação com o Grêmio não tem semelhança só no retrospecto esportivo. O clube gaúcho pode ser hoje o modelo para o Palmeiras sair da tumultuada parceria com a W. Torre, que foi parar na comissão de arbitragem e provoca temor de dificultar a propriedade do estádio em caso –pouco provável– de falência da construtora.

    O noticiário já contou como a W. Torre contraiu dívidas com fornecedores. O Palmeiras não se pronuncia sobre os problemas da parceira, mas é certo que a dívida da construtora alcança os R$ 150 milhões.

    Importante fazer a separação. O Allianz Parque é um sucesso e produz mais dinheiro do que se imaginava antes da inauguração. Só que a estratégia de financiamento da W. Torre, amplificada pela crise econômica e pela operação Lava Jato, compromete sua estabilidade. Suas dívidas também atrapalham o estádio a ter novos contratos.

    A situação era semelhante entre o Grêmio e a OAS, com a agravante de que o clube gaúcho precisava pagar em média R$ 1,5 milhão mensais pelo financiamento do estádio –o Palmeiras não paga nada e devolve o dinheiro abrindo mão de receitas dos shows.

    Um belo dia, o CEO do Grêmio decidiu montar uma estratégia para comprar a dívida da OAS, que aumentava dia após dia por causa dos juros. Foi aos bancos credores e se propôs a comprar a dívida pelo valor original. Um dos banqueiros rejeitou a proposta, outro topou.

    Até dezembro, o Grêmio será o feliz proprietário de seu novo estádio, sem sócio nem dor de cabeça.

    Ainda não está em curso nenhuma operação semelhante com o Allianz Parque. O Palmeiras não tem prestação a pagar e seu único problema é a relação difícil com seu sócio. Está clara a necessidade de criar um modelo para o estádio diferente do que existe no Brasil.

    O Palmeiras não pode ser um clube que tem um estádio. O Allianz Parque tem de ser o estádio que tem um clube.

    Em outras palavras, ter como conteúdo os shows dos principais artistas do planeta e os jogos do melhor time do Brasil. Quem vai montá-lo? Os parceiros –Dilletto, Palmeiras, AEG, Itaipava, Burger King... Se todos os que ganham dinheiro ali dentro se propuserem a ajudar a montar um timaço, todo mundo vai ganhar mais. A W. Torre poderia ser parte desta estratégia, mas tem uma dívida impagável.

    Se encontrar outro sócio, o Palmeiras pode resolver dois problemas numa operação só. E fazer como o Grêmio: ser o único feliz proprietário de sua própria casa.

    pvc

    pvc

    É jornalista desde os 18. Cobriu as Copas de 1994, 1998, 2006, 2010 e 2014. Hoje, também é comentarista. Escreve aos domingos
    e segundas-feiras.

    Edição impressa

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024