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    PVC - Paulo Vinicius Coelho

    Sinais de grandeza

    22/11/2015 02h00

    Uma semana antes de o Corinthians ser campeão brasileiro de 2011, Andres Sanchez deu uma entrevista premonitória sobre a Libertadores: "Pela primeira vez, vamos disputar o torneio pelo terceiro ano seguido. Se disputar mais três seguidas vai ganhar e pode até ser ano que vem. De 2014, não passa."

    Do dia em que o Jornal da Tarde publicou a declaração até hoje, o Corinthians conquistou uma Libertadores, um Mundial de Clubes, uma Recopa, um paulista e dois brasileiros.

    O hábito faz o campeão.

    O São Paulo disputou a Libertadores todos os anos entre 2004 e 2010, período em que chegou a duas finais e venceu uma.

    Hoje, precisa ganhar o clássico para se classificar pela terceira vez nos últimos cinco anos.

    Estar presente no torneio continental não pode ser o objetivo mais importante do ano. Um título é sempre mais relevante do que se classificar para a Libertadores e ser eliminado nas quartas de final.

    Mas esse tipo de sinal destacado por Andres Sanchez, quatro anos atrás, ajuda a entender se um clube está mais perto ou mais distante de dar alegria à sua torcida.

    Dos doze clubes mais importantes do Brasil, Santos e Palmeiras são os que não terminam o Brasileirão entre os quatro melhores há mais tempo. O Santos foi vice em 2007 e nunca mais ficou acima de sétimo lugar. O Palmeiras foi quarto lugar em 2008, quinto em 2009 e nunca mais passou da décima posição!

    Os sinais de grandeza de Andres não são ciência exata. O Vasco foi vice brasileiro em 2011, teve chance de eliminar o Corinthians da Libertadores-2012 e pode se tornar hoje o primeiro clube grande chamado de ioiô, um sobe-e-desce como era o Noroeste de Bauru nos anos 1980.

    Como contraponto, Santos ou Palmeiras irá comemorar um título importante daqui a dez dias e, mesmo com a ausência entre os quatro melhores do Brasileirão, os santistas ganharam a Libertadores em 2011.

    O Corinthians tem problemas, como a conta alta para pagar o estádio e atrasos de salários em boa parte deste ano. Não chega a ser exemplo, mas dá sinais do que deve ser feito. Do retorno da Série B para cá, conquistou pelo menos uma vez todos os torneios de que participa.

    Manteve técnicos de janeiro a dezembro todos os anos, exceto em 2010, quando perdeu Mano Menezes para a CBF –Adílson Batista, o único demitido deste período, não seria contratado se Mano ficasse.

    O acaso pode ser uma das variáveis de uma conquista. Mas não pode nunca ser uma das apostas para chegar a ela.

    O CRAQUE DO ANO

    A primeira vez em que Nelson Rodrigues escolheu seu personagem da semana foi também uma das primeiras em que chamou Didi de "Príncipe Etíope". O personagem desta semana é Tite, mas ficou até chato continuar a badalação. Então, faça um exercício: escute Renato Augusto falar. Suas respostas nunca começam com a última frase do entrevistador e sempre esclarecem algo. "Como ainda não tenho filho, esta deve ser a semana mais emocionante da minha vida."

    Ou outra: "Eu não acreditava nem em mim", disse a dor que sentia e o fez pensar que não jogaria mais em alto nível. Renato Augusto só não é o personagem da semana porque houve Tite –e porque não sou Nelson Rodrigues. Mas é o craque do ano no Brasil. Na bola e nas respostas.

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    pvc

    É jornalista desde os 18. Cobriu as Copas de 1994, 1998, 2006, 2010 e 2014. Hoje, também é comentarista. Escreve aos domingos
    e segundas-feiras.

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