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    PVC - Paulo Vinicius Coelho

    A escolha depois do vexame

    23/11/2015 02h00

    Sofrer a maior goleada da história do clássico contra o time reserva do Corinthians exige reflexão. Também deixa a disputa pela vaga na Libertadores bem mais complicada. Se não pela matemática, pelo desânimo.

    O São Paulo já tem pouco dinheiro e terá menos visibilidade no ano que vem se não for à Copa Libertadores da América –menos chance de bom contrato de patrocínio. Nada disso pode impedir de pensar bem sobre o futuro.

    Com Milton Cruz, o time deveria ser mais parecido com o tempo de Juan Carlos Osório do que quando estava sob a direção de Doriva. Também deveria ter mais vibração.

    Qualidade de jogo precisa existir por filosofia. Por isso é indispensável escolher bem o novo técnico.

    O São Paulo deu sinal a Diego Aguirre de que pode contratá-lo e, por isso, o uruguaio pediu mais uma semana para selar seu destino. Mas Aguirre não é o nome número um.

    "Do Al Gharrafa tenho proposta concreta", diz Diego Aguirre.

    Claro que ele prefere o São Paulo ao futebol do Qatar. A pergunta é o que o São Paulo prefere. A escolha do novo técnico não pode depender de estar ou não na Libertadores.

    O São Paulo é o time de mais posse de bola do Brasileirão, mas é apenas o oitavo em finalizações. É o terceiro em desarmes, mas a combinação significa que o time recupera a bola na defesa e demora para chegar ao gol do adversário. Mudar isso, ter mais marcação por pressão no campo de ataque, mais chutes e gols, depende da escolha do jeito de jogar a partir de 2016.

    Não pode ser como ontem.

    Quando Joan Laporta assumiu o Barcelona, impôs o estilo que faria o time ser admirado globalmente: atacar. Quando Silvio Berlusconi comprou o Milan, fez o mesmo. Queria pressionar o adversário e fazer gols. Mais do que títulos, isso traria prestígio internacional.

    Escolher o técnico exige sacrifício. Uma maneira é decidir pelo nome imponente. Muricy, Tite, Mano... Isso protege o dirigente. O jeito certo –e difícil– é definir o estilo como se pretende fazer a equipe jogar e a partir dela escolher quem vai treiná-la para executar o plano de jogo.

    É o dirigente quem deve proteger o técnico. No Brasil, é quase sempre o contrário. O "nomão" serve como respaldo para o cartola.

    Aguirre é uma opção, mas não é a única. É mais fácil saber os nomes descartados. Paulo Roberto Falcão não será o novo técnico, nem Cuca, dificilmente será Paulo Autuori. O novo treinador ganhará menos do que recebiam os últimos, porque a conta bancária não ajuda. Ele não precisa ser caro. Precisar ser bom.

    Durante vários anos, entre os Menudos de Cilinho e o bi mundial de Telê, o São Paulo foi o time mais alegre do Brasil. Jogava no ataque e era veloz, sempre. De Muricy para cá, o time ficou mais duro, pesado.

    Quem tem só memória recente pode preferir o estilo de Muricy. A pergunta não é se você quer ver seu time ganhar. Isso todo mundo quer. É como você pretende ver seu time jogar.

    Disso dependerá a escolha do treinador e contratações de jogadores. Se os zagueiros forem lentos, é impossível marcar no ataque. Se não houver quem prenda a bola na frente, não dá para jogar com posse de bola.

    Se o São Paulo vai para a Libertadores ou não, é uma decisão que ainda dependerá dos resultados das próximas duas rodadas. Como o São Paulo vai jogar nos próximos dez anos, depende desta semana.

    Não pode incluir vexames como o de ontem.

    Editoria de Arte/Folhapress
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    O SANTOS DA FINAL

    O Santos continua favorito para a decisão da Copa do Brasil contra o Palmeiras, mas diminuiu sua força nas últimas rodadas do Brasileiro. Pode ser a ânsia de ganhar o título. É mais rápido e tem mais talento. Dos clubes do Brasil, é quem mais preza pelo seu próprio estilo de jogar.

    E O PALMEIRAS?

    Para o Palmeiras, conquistar o título da Copa do Brasil é decisão para o futuro. O clube também precisa definir qual é o seu estilo, afinal. Pode ser acadêmico, como manda a sua própria tradição. Mas, para conseguir esta paz, é preciso ganhar uma taça o mais brevemente possível.

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    É jornalista desde os 18. Cobriu as Copas de 1994, 1998, 2006, 2010 e 2014. Hoje, também é comentarista. Escreve aos domingos
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