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    PVC - Paulo Vinicius Coelho

    Jeitinho globalizado

    28/12/2015 02h00

    O Manchester United perdeu sua quarta partida seguida, sábado, contra o Stoke City. Antes da derrota, a imprensa britânica observava a sequência de seis jogos sem vencer como a pior desde dezembro de 1998. No fim daquela temporada, em maio de 1999, Alex Ferguson levou o Manchester à conquista da Champions League.

    Louis Van Gaal não vai conseguir a mesma coisa, porque seu time já foi eliminado da Champions.

    A história de Ferguson e de suas seis partidas sem vitória é semelhante à de Telê Santana no São Paulo. Em março de 1992, havia pressão pela sua demissão por causa de cinco derrotas consecutivas. Em junho, o São Paulo ganhou a Libertadores.

    Costuma ser mais fácil encontrar histórias com final feliz na Europa do que no Brasil. Mas o ano inglês surpreende. Na temporada passada, foram seis técnicos demitidos na Premier League.

    Esta ainda está na metade e já são cinco demissões, duas em clubes importantes. José Mourinho foi trocado por Guus Hiddink no Chelsea, Brendan Rodgers substituído por Jurgen Klopp no Liverpool.

    Desde a temporada 1990/91, quando Everton e Liverpool mudaram seus treinadores, não havia turbulência assim nos maiores clubes ingleses. Coincide com o maior equilíbrio no campeonato em quinze anos.

    Se o Leicester não vencer o Manchester City amanhã, o líder da Premier League fechará a primeira metade com menos de 40 pontos pela primeira vez desde 2002/03, quando o Arsenal fez 39 pontos e mais tarde perdeu a taça para o Manchester United.

    Normalmente, atribui-se a permanência de treinadores na Europa e as trocas constantes no Brasil à diferença cultural. Em parte é isso e ninguém discute a evolução de um time quando é bem treinado, com a mesma filosofia, por pelo menos uma temporada.

    Com muito menos trocas do que no Brasil, a Inglaterra mostra que perder pontos contra equipes surpreendentes deixa dirigentes perplexos também na Europa. O aumento do equilíbrio veio acompanhado do crescimento do número de mudanças de técnicos. A guilhotina brasileira parece globalizada.

    A crise do Manchester United tem outra razão e talvez nem termine com demissão de Van Gaal antes do fim da temporada. Os diabos vermelhos ainda se ressentem da perda de sua maior referência. Alex Ferguson saiu em 2013, David Moyes não resistiu uma temporada completa e Van Gaal completa agora sete partidas sem vencer.

    Nos anos 1970, depois de perder o técnico Matt Busby, que passara 24 anos no comando, o Manchester United perdeu força até ser rebaixado em 1974.

    Não há comparação entre o que acontece na Europa dos clubes milionários e o que ocorre no Brasil. Mas, assim como Alex Ferguson e Telê Santana passaram jejuns de vitórias no mesmo ano das suas maiores conquistas, o São Paulo viverá em 2016 uma situação semelhante à que iniciou a crise do Manchester United.

    Se os diabos vermelhos ainda não aprenderam a viver sem Ferguson, o São Paulo passará seu primeiro ano sem as três grandes referências de seu último momento glorioso, o tricampeonato brasileiro. Muricy Ramalho está no Flamengo, Juvenal Juvêncio morreu e Rogério Ceni abandonou o futebol.

    Calma é a melhor receita para encontrar o novo caminho.

    O ABISMO

    Há quem julgue que, se a Conmebol tivesse mais organização, o abismo econômico serial menor no Mundial de Clubes do que se tem visto. Isto é verdade Verdade. Mas a organização da França, Holanda e Portugal não faz clubes desses países ganharem a Champions League.

    NEGÓCIOS

    Sobre a coluna publicada na edição deste domingo, ser cliente de agentes de jogadores não deveria ser a melhor receita para os clubes brasileiros. Não é pecado se houver independência por um detalhe: o mercado funciona assim. Mas não deveria funcionar.

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    pvc

    É jornalista desde os 18. Cobriu as Copas de 1994, 1998, 2006, 2010 e 2014. Hoje, também é comentarista. Escreve aos domingos
    e segundas-feiras.

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