• Colunistas

    Wednesday, 08-May-2024 16:35:16 -03
    PVC - Paulo Vinicius Coelho

    Multi Messi

    11/01/2016 02h00

    Dois dos três gols de Messi contra o Granada, sábado (9), aconteceram em infiltrações como ponta de lança, pela faixa central do gramado. Mais em evidência por concorrer ao prêmio Puskás, o golaço contra o Athletic Bilbao, na final da Copa do Rei, aconteceu no mais puro estilo Messi.

    Ele pegou a bola na ponta direita, usou o pé esquerdo por toda a jogada, driblou a defesa inteira do Athletic e completou no canto esquerdo.

    Messi foi ponta direita, no início de carreira, jogou como ponta de lança, atrás de Ibrahimovic, na temporada 2009/10, depois na posição que se convencionou chamar de falso 9, em 2010/11, e voltou ao lado direito do campo com o técnico Luis Enrique.

    Mesmo pelo lado, Messi é cada dia mais meia.

    Atacante, daqueles que marcam mais gols, mas capaz de encontrar o melhor espaço no campo, entre a ponta e a meia direita ou pelo centro do campo, chegando de frente com os volantes, para abastecer Luis Suárez e Neymar.

    Aos 28 anos, Messi não está tão forte quanto há cinco temporadas, só que é mais completo e maduro.

    Essa é uma das razões de seu favoritismo para ficar com a Bola de Ouro da Fifa, prêmio entregue hoje à tarde em Zurique. Se der a lógica, Neymar ficará em segundo lugar, o primeiro brasileiro no pódio desde que Kaká foi eleito o melhor do planeta em 2007.

    Naquela época, Messi e Cristiano Ronaldo já figuravam no palco, o argentino em segundo lugar, o português em terceiro. O longo reinado da dupla inclui quatro Bolas de Ouro consecutivas para Messi, ensanduichadas por uma de Cristiano em 2008, duas em 2013 e 2014.

    Significa que a premiação de hoje pode ter o valor de devolver ao rei a coroa perdida há dois anos.

    Editoria de Arte/Folhapress
    Campinhos do PVC - edição de segunda, dia 11 de janeiro de 2016

    Nestas oito temporadas, só uma vez Cristiano Ronaldo não terminou entre os três melhores –em 2010, superado por Xavi e Iniesta. Todos os outros prêmios tiveram Messi, Cristiano e um azarão –Xavi mais duas vezes, Iniesta mais uma, Fernando Torres, Ribery e Neuer com uma indicação cada.

    Com Neymar é diferente. Ele não é azarão e só não é possível afirmar com certeza de que voltará a Zurique nos próximos anos para ser eleito, porque vai continuar convivendo com Messi. Também porque há circunstâncias alheias à vontade. As lesões, por exemplo.

    Melhor jogador da última Champions League, Messi só tem uma chance de perder para Neymar a coroa hoje à tarde e tem a ver com o período de dois meses lesionado, coincidente com o melhor momento do brasileiro.

    Os votos para melhor do mundo foram computados até sábado, 21 de novembro, véspera do retorno de Messi aos campos, no segundo tempo do clássico contra o Real Madrid. Messi no departamento médico durante a votação é uma das peculiaridades do prêmio deste ano.

    Outra é, pela primeira vez, os três finalistas terem direito a voto, porque Messi é capitão da seleção da Argentina, Cristiano de Portugal e Neymar do Brasil. Isso pode até se desmentir. Por exemplo, se a Argentina tiver indicado outro capitão, por Messi estar ausente, machucado. Mas, em tese, é a primeira vez em que os três finalistas têm direito a voto.

    O que torna mais saboroso recorrer à página da Fifa logo depois da premiação, para ver quem votou em quem. Messi nunca vota em Cristiano Ronaldo. A recíproca é verdadeira.

    *

    OBJETIVO?

    Outra razão para Neymar não ter pressa em ganhar a Bola de Ouro da Fifa –que pode até ser sua hoje– é a lembrança de que ser o melhor jogador do mundo não pode ser seu objetivo. Tem de ser consequência de um ano de trabalho bem feito dentro de campo.

    *

    REVISÃO

    A "France Football" revisou a Bola de Ouro. Criada em 1956, até 1995 só premiava europeus. Pela nova conta, Pelé ganharia sete vezes, de 58 a 61, em 63, 64 e 70. De 65 a 69, ganharam Eusébio, Bobby Charlton, Albert, George Best e Rivera. A revisão ainda não ficou boa.

    pvc

    pvc

    É jornalista desde os 18. Cobriu as Copas de 1994, 1998, 2006, 2010 e 2014. Hoje, também é comentarista. Escreve aos domingos
    e segundas-feiras.

    Edição impressa

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024