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    PVC - Paulo Vinicius Coelho

    Boa educação

    18/04/2016 02h00

    Vítor Bueno chegou ao Santos para jogar pelo time B, mas com idade de profissional. Não dá para dizer que seja mais um menino formado nas divisões de base, mas é o quinto menino da Vila titular com menos de 23 anos.

    Junta-se a Gustavo Henrique, Zeca, Thiago Maia e Gabriel.

    O Santos é o mais bem acabado exemplo do que ocorre no futebol brasileiro, em que quase só há veteranos e novatos. Quase porque Lucas Lima faz o pêndulo aos 25 anos. Está maduro.

    A mistura perfeita representa um time de posse de bola, que não abre mão de rapidez. É o retrato do Santos de 2016, candidato ao título paulista tanto quanto o badalado Corinthians, mais do que Palmeiras e São Paulo em formação.

    Do ano passado para cá, a sequência de trabalho de Dorival Júnior fez subir a média de passes por partida em 20%.

    O Santos troca mais a bola do que o Arsenal, líder nesse quesito no Campeonato Inglês. "Nosso índice seria mais alto se o jogo não fosse tão truncado no Brasil", diz o técnico do Santos.

    A última geração de meninos da Vila é bem educada. Aprende a tocar a bola, como se faz nos melhores times do planeta. Sabem que a troca de passes não pode ser lenta e deve funcionar como uma maneira de mexer no posicionamento dos zagueiros rivais.

    A partir daí, abrem-se os espaços por onde a equipe constrói jogadas de gols. "A grande vantagem é que subimos nosso tempo de posse de bola, mas não perdemos nossa velocidade. Não deixamos de ter o contra-ataque muito forte", afirma Dorival Júnior.

    Editoria de Arte/Folhapress
    Campinhos PVC 14.04.15
    Campinhos PVC

    Capacidade de rotação da bola e rapidez para chegar ao gol. E mesmo assim fala-se pouco do Santos, dono do melhor ataque do Campeonato Paulista e a chance de conquistar seu quinto título estadual em sete temporadas.

    Os meninos da penúltima geração foram tricampeões em 2010, 2011 e 2012. Também venceram a Libertadores em 2011. Levando em conta que o lateral-direito Danilo foi contratado do América de Minas Gerais com idade para ser júnior, eram cinco titulares formados em casa –Neymar, Ganso, Adriano e o goleiro Rafael.

    É o mesmo caso agora, desde que se faça a permissão de chamar Vítor Bueno de menino da Vila porque chegou para formar o time sub-23.

    Sua entrada no time aconteceu na vaga que já foi de Serginho, também da casa. Durante a campanha, o zagueiro Lucas Veríssimo foi titular e Léo Citadini teve participação importante uma rodada atrás.

    A participação das divisões de base no sucesso do Santos nos últimos cinco anos é maior do que era na época em que nasceu o apelido Meninos da Vila.

    No Paulista de 1978, vencido por garotos formados na Baixada como Juary e Pita, uma parte dos que provocaram o apelido vinha de fora. Nílton Batata veio do Atlético Paranaense, João Paulo foi contratado do São Cristóvão.

    Meninos o Santos forma desde quando foi campeão paulista depois de 20 anos, em 1955. Sempre funciona. Com a diferença do futebol dos anos 50 para o do século 21, a formação da equipe é a mesma: a mais pura escola brasileira. Troca de passes misturada à capacidade de arrancar em alta velocidade em direção ao gol.

    O Santos dá certeza de que o jeito brasileiro de jogar futebol ainda resiste.

    O VEXAME

    Nos últimos trinta anos, foi muito mais comum ver o Corinthians e o Palmeiras sofrerem vexames retumbantes do que o São Paulo. Ficou diferente. Não que o São Paulo nunca tenha sofrido debacles como o de ontem.

    Em 2007, ano de título brasileiro, o time dirigido por Muricy Ramalhjo levou 4 x 1 do São Caetano no Morumbi e foi eliminado na semifinal do Campeonato Paulista.

    Levar 4 x 1 do Audax, da maneira como foi, é pior. Porque desta vez não se vê a saída da crise a curto prazo. A crise do São Paulo aumenta a cada ano e os títulos ficam no passado. Não há título brasileiro desde 2008, não há título paulista desde 2005, não há troféu nenhum desde a Copa Sul-Americana de 2012.

    Para o São Paulo, o resultado de ontem é absolutamente fora da ordem.

    Para o Campeonato Paulista, não. Historicamente, o Paulista não coloca os quatro grandes nas quatro primeiras posições. De 2000 para cá, houve 17 campeonatos e só cinco vezes os grandes ocuparam os primeiros lugares: 2000, 2009, 2011 e 2015.

    CORAÇÃO ALADO

    Fágner é cada dia mais importante para o jogo do Corinthans. A saída de bola nasce do lado direito da defesa e o maior número de passes para gols também acontece ali. Fágner é melhor do que Danilo, do Real Madrid, pensando em seleção.

    JOGO DURO

    O Palmeiras muda para melhor seu jeito de jogar, desarma mais no ataque e terá tempo para se preparar para o Campeonato Brasileiro, fora da Libertadores. Mas não está pronto. Sinal de jogo duro nesta segunda (18), às 21h, contra o São Bernardo.

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    É jornalista desde os 18. Cobriu as Copas de 1994, 1998, 2006, 2010 e 2014. Hoje, também é comentarista. Escreve aos domingos
    e segundas-feiras.

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