Vítor Bueno chegou ao Santos para jogar pelo time B, mas com idade de profissional. Não dá para dizer que seja mais um menino formado nas divisões de base, mas é o quinto menino da Vila titular com menos de 23 anos.
Junta-se a Gustavo Henrique, Zeca, Thiago Maia e Gabriel.
O Santos é o mais bem acabado exemplo do que ocorre no futebol brasileiro, em que quase só há veteranos e novatos. Quase porque Lucas Lima faz o pêndulo aos 25 anos. Está maduro.
A mistura perfeita representa um time de posse de bola, que não abre mão de rapidez. É o retrato do Santos de 2016, candidato ao título paulista tanto quanto o badalado Corinthians, mais do que Palmeiras e São Paulo em formação.
Do ano passado para cá, a sequência de trabalho de Dorival Júnior fez subir a média de passes por partida em 20%.
O Santos troca mais a bola do que o Arsenal, líder nesse quesito no Campeonato Inglês. "Nosso índice seria mais alto se o jogo não fosse tão truncado no Brasil", diz o técnico do Santos.
A última geração de meninos da Vila é bem educada. Aprende a tocar a bola, como se faz nos melhores times do planeta. Sabem que a troca de passes não pode ser lenta e deve funcionar como uma maneira de mexer no posicionamento dos zagueiros rivais.
A partir daí, abrem-se os espaços por onde a equipe constrói jogadas de gols. "A grande vantagem é que subimos nosso tempo de posse de bola, mas não perdemos nossa velocidade. Não deixamos de ter o contra-ataque muito forte", afirma Dorival Júnior.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
Campinhos PVC |
Capacidade de rotação da bola e rapidez para chegar ao gol. E mesmo assim fala-se pouco do Santos, dono do melhor ataque do Campeonato Paulista e a chance de conquistar seu quinto título estadual em sete temporadas.
Os meninos da penúltima geração foram tricampeões em 2010, 2011 e 2012. Também venceram a Libertadores em 2011. Levando em conta que o lateral-direito Danilo foi contratado do América de Minas Gerais com idade para ser júnior, eram cinco titulares formados em casa –Neymar, Ganso, Adriano e o goleiro Rafael.
É o mesmo caso agora, desde que se faça a permissão de chamar Vítor Bueno de menino da Vila porque chegou para formar o time sub-23.
Sua entrada no time aconteceu na vaga que já foi de Serginho, também da casa. Durante a campanha, o zagueiro Lucas Veríssimo foi titular e Léo Citadini teve participação importante uma rodada atrás.
A participação das divisões de base no sucesso do Santos nos últimos cinco anos é maior do que era na época em que nasceu o apelido Meninos da Vila.
No Paulista de 1978, vencido por garotos formados na Baixada como Juary e Pita, uma parte dos que provocaram o apelido vinha de fora. Nílton Batata veio do Atlético Paranaense, João Paulo foi contratado do São Cristóvão.
Meninos o Santos forma desde quando foi campeão paulista depois de 20 anos, em 1955. Sempre funciona. Com a diferença do futebol dos anos 50 para o do século 21, a formação da equipe é a mesma: a mais pura escola brasileira. Troca de passes misturada à capacidade de arrancar em alta velocidade em direção ao gol.
O Santos dá certeza de que o jeito brasileiro de jogar futebol ainda resiste.
O VEXAME
Nos últimos trinta anos, foi muito mais comum ver o Corinthians e o Palmeiras sofrerem vexames retumbantes do que o São Paulo. Ficou diferente. Não que o São Paulo nunca tenha sofrido debacles como o de ontem.
Em 2007, ano de título brasileiro, o time dirigido por Muricy Ramalhjo levou 4 x 1 do São Caetano no Morumbi e foi eliminado na semifinal do Campeonato Paulista.
Levar 4 x 1 do Audax, da maneira como foi, é pior. Porque desta vez não se vê a saída da crise a curto prazo. A crise do São Paulo aumenta a cada ano e os títulos ficam no passado. Não há título brasileiro desde 2008, não há título paulista desde 2005, não há troféu nenhum desde a Copa Sul-Americana de 2012.
Para o São Paulo, o resultado de ontem é absolutamente fora da ordem.
Para o Campeonato Paulista, não. Historicamente, o Paulista não coloca os quatro grandes nas quatro primeiras posições. De 2000 para cá, houve 17 campeonatos e só cinco vezes os grandes ocuparam os primeiros lugares: 2000, 2009, 2011 e 2015.
CORAÇÃO ALADO
Fágner é cada dia mais importante para o jogo do Corinthans. A saída de bola nasce do lado direito da defesa e o maior número de passes para gols também acontece ali. Fágner é melhor do que Danilo, do Real Madrid, pensando em seleção.
JOGO DURO
O Palmeiras muda para melhor seu jeito de jogar, desarma mais no ataque e terá tempo para se preparar para o Campeonato Brasileiro, fora da Libertadores. Mas não está pronto. Sinal de jogo duro nesta segunda (18), às 21h, contra o São Bernardo.
É jornalista desde os 18. Cobriu as Copas de 1994, 1998, 2006, 2010 e 2014. Hoje, também é comentarista. Escreve aos domingos
e segundas-feiras.