O Flamengo tem a maior torcida do Brasil, e o Corinthians aparece em segundo lugar. É assim desde a primeira pesquisa séria realizada no Brasil, em 1983. Não se discute. O clássico do povo acontece hoje em Itaquera e terá certamente mais de 30 mil espectadores. É assim na nova casa corintiana sempre —ou quase, porque no sábado passado havia 25 mil.
Mesmo sem a maior nação de torcedores, o Corinthians foi o campeão de média de público em três dos últimos cinco Brasileiros —o Cruzeiro liderou nas campanhas do bicampeonato brasileiro.
O Flamengo ganhou o Brasileirão seis vezes e teve a maior torcida no estádio em 12. Mas não ganha a briga dos que se sentam nas arquibancadas desde 2009.
Enquanto isso, o Corinthians sobe. Não nas pesquisas. Na presença. Tinha 26 mil pagantes por partida no Pacaembu na campanha do título com Tévez, em 2005. Hoje tem 33 mil por partida no ano.
O Flamengo, 13 mil. No ranking de 2016, ocupa o nono lugar, abaixo também de Palmeiras, São Paulo, Atlético-MG, Grêmio, Internacional, Cruzeiro e Atlético-PR.
Não pode.
Os rubro-negros se mordem quando se ameaça discutir a ideia de que o Corinthians tem mais torcida, porque há rubro-negros no Nordeste que também torcem por CRB, Bahia, Vitória, CSA, Fortaleza... Não importa. O Flamengo é o maior, não se discute. Mas como pode ser o nono público do país se tem a maior torcida?
Nesse ponto, o Corinthians é melhor. Não vale o argumento de que a ausência do Maracanã impede que se tenha um bom plano de sócios-torcedores, alavanca da presença corintiana no estádio, porque o Flamengo jogou no Rio entre 2010 e 2015 sem chegar à média de torcedores compatível com o tamanho de sua nação.
No passado, ninguém jamais alcançou a média de público do Flamengo. Foram 66.507 pagantes por partida em 1980.
Foi a maior média de espectadores da história do futebol na América do Sul. Hoje, seria rival do Borussia Dortmund, dono do estádio mais cheio do planeta -80 mil por jogo.
Não diga que hoje o rubro-negro não vai porque o preço do ingresso subiu. Os dois times de mais público no Brasil hoje são, incrivelmente, os que cobram o ingresso mais caro -Corinthians e Palmeiras.
O Flamengo não leva público porque não trabalha por ele. O Corinthians, sim.
Criou o mais inteligente sistema de sócios-torcedores do país. Junto com o Palmeiras, dá pontos aos mais presentes e isto significa a única chance de comprar o ingresso por preço baixo nos jogos mais importantes -se o corintiano não foi contra o Santa Cruz, pode não conseguir comprar contra o Boca Juniors.
Para ver a Democracia Corintiana campeã paulista de 1982, com Sócrates, Casagrande e Zenon, havia em média 24 mil torcedores por partida -27 mil contando as finais com Morumbi lotado e dividido por duas torcidas contra o São Paulo. Hoje são 33 mil em Itaquera.
Torcida no estádio não é tudo. Importante é ter um número grande de torcedores engajados. Aqueles que compram ingressos, camisas, pay-per-view, participam da vida do clube. Não o que diz que torce, vira as costas e nem sabe o resultado. Nesta soma, hoje o Corinthians ganha do Flamengo.
É jornalista desde os 18. Cobriu as Copas de 1994, 1998, 2006, 2010 e 2014. Hoje, também é comentarista. Escreve aos domingos
e segundas-feiras.