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    PVC - Paulo Vinicius Coelho

    O medo da violência no Rio de Janeiro é real; a realidade, nem tanto

    24/07/2016 02h00

    O prefeito Eduardo Paes já falou sobre a segurança horrível no Rio de Janeiro, e o presidente interino Michel Temer discursou sobre os turistas que podem visitar a cidade olímpica. As duas declarações reforçam o receio da violência. O medo é real. A realidade, nem tanto.

    Fui assaltado duas vezes na vida. Uma em São Bernardo do Campo, outra em São Paulo. Conversas com amigos cariocas que passaram toda a vida no Rio são emblemáticas. O colunista de "O Globo" Carlos Eduardo Mansur diz ter sido assaltado duas vezes, ambas no Rio, a última há 22 anos. Sempre viveu na capital da Olimpíada. Colunista do jornal "Extra", Gilmar Ferreira informa jamais ter sido abordado por um assaltante. Nenhuma vez. Sempre viveu no Rio.

    A percepção é bem diferente.

    Os relatos mais comuns fazem parecer que quem visitará o Rio durante a Olimpíada correrá o risco iminente da violência, diferentemente de quem esteve em outros grandes eventos. É bom ouvir experiências de todos os tipos, em vários lugares.

    Em 1998, a equipe do jornal "O Globo" chegou a Paris, alugou um carro e seguiu até o local do credenciamento, na região central da cidade. No retorno ao veículo, não encontrou nem o carro, nem as malas. "Me roubaram mesmo?", perguntava-se, atônito, o colunista Fernando Calazans, que perdeu uma bolsa repleta de medicamentos.

    Também em 1998, o então editor da revista "Placar", Sérgio Xavier, teve seu passaporte roubado em Marselha. Em Dortmund, Copa do Mundo de 2006, a equipe da ESPN tinha uma sala alugada onde se improvisava uma redação. Numa das madrugadas da cobertura, desapareceram todos os computadores. No Mundial da África do Sul, em 2010, houve jornalista brasileiro rapelado por um taxista.

    É óbvio que será uma vergonha se jornalistas, turistas ou atletas sofrerem com furtos ou assaltos durante a Olimpíada. Ficará a impressão reforçada de que o Rio de Janeiro é uma cidade insegura -de fato é. Vai ficar até mesmo a ideia de que será a primeira cidade em grande evento com falta de tranquilidade para os visitantes. Não será.

    O Rio de Janeiro precisa de mais paz, menos violência, no dia a dia e para todos os seus habitantes. É uma das cidades mais belas do mundo, que possui a aterrissagem de avião mais bonita do planeta -talvez Lisboa rivalize com o Rio, por se ver lá do alto o encontro do Tejo com o mar.

    Se houver violência, o mundo vai falar de nossas mazelas. Será justo. Apenas não será inédito.

    QUANTO VALE O TÍTULO?

    O Palmeiras tem mesmo conversas avançadas com o Manchester City pela venda de Gabriel Jesus. A última vez que o clube esteve tão perto de sonhar com o título brasileiro foi em 2009. Antes, em 2004. Era terceiro, dois pontos abaixo do líder, quando vendeu Vágner Love.

    Terminou o Brasileirão em quarto. O Palmeiras diz que seu pleito é manter Gabriel até janeiro. Se o mundo falar do clube daqui até dezembro, e falar sobre o campeão brasileiro -se for-, terá ganho de imagem maior do que os 32 milhões de euros de pagamento provável.

    Está claro que o futuro de Gabriel é na Europa, mais cedo ou mais tarde. O Palmeiras revela muito mais do que antes. É ótimo. Mas precisa de uma política para manter quem precisa e vender quem não interessa.

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    É jornalista desde os 18. Cobriu as Copas de 1994, 1998, 2006, 2010 e 2014. Hoje, também é comentarista. Escreve aos domingos
    e segundas-feiras.

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