É a primeira vez na história dos pontos corridos que o Brasileirão chega à 22ª rodada com seis candidatos ao título. Só há uma certeza. O campeão está nesta lista e as quatro vagas da Libertadores também: Palmeiras, Atlético-MG, Corinthians, Flamengo, Santos e Grêmio.
Dos seis, só dois mantêm a base e o técnico do ano passado: Santos e Grêmio. Estão em quinto e sexto lugares.
O Brasileirão não tem lógica e os candidatos mais distantes da liderança são os que fizeram, em teoria, o caminho mais indicado para ter o troféu.
O Santos mantém Dorival Júnior e nove titulares do elenco do Brasileirão-2015. Restarão oito, depois da provável despedida de Gabriel, hoje, na Vila Belmiro.
A contra-indicação de Dorival Júnior chama-se seleção brasileira. Ele só pôde escalar todos os seus titulares uma vez, contra a Ponte Preta, na 15ª rodada.
Tempo não resolve todos os problemas do futebol. Nos bons trabalhos, ajuda. É o caso de Dorival Júnior. Não fosse pela sequência e o Santos sofreria mais com os desfalques.
O líder do Brasileirão não é o favorito ao título. É candidato. O Palmeiras oscilou sem Gabriel Jesus e Fernando Prass. Seu aproveitamento caiu de 73% para 46% sem o artilheiro do Brasileirão, que volta hoje ao time. Jesus pode ficar fora outra vez contra o Flamengo, porque voltará da seleção no dia do jogo.
Diferente do Santos, o Palmeiras tem apenas quatro titulares campeões da Copa do Brasil. Caso semelhante ao do Corinthians, que perdeu sete campeões de 2015 e sete integrantes da comissão técnica. Atribuir a Cristóvão Borges a oscilação na tabela é supervalorizar a participação do treinador.
Quatro é também o número de titulares do Flamengo iguais aos de um ano atrás.
Além do Grêmio, quem mais se aproxima do Santos no quesito sequência de trabalho é o Atlético-MG. São sete titulares iguais e a troca de Levir Culpi por Marcelo Oliveira no comando. O Galo tem jogadores especiais e Robinho em disputa aberta para saber se será ele, ou Gabriel Jesus, o craque do Brasileirão.
Nem macumba ganha o Campeonato Baiano, nem continuidade assegura o Brasileirão. Em 2013, o Cruzeiro venceu o torneio com um time totalmente diferente do de 2012. Não tinha continuidade e era brilhante mesmo assim. Foi o último campeão com menos de sete titulares da campanha anterior.
Manutenção não é garantia de nada, mas quebrar a estrutura no meio do campeonato aumenta o risco. O caso do Corinthians é impressionante.
Durante o ano, perdeu Felipe, Gil, Ralf, Jádson, Renato Augusto, Malcom, Vágner Love, Bruno Henrique, Luciano, André e sete membros da comissão técnica.
Mesmo assim, está um ponto acima do Santos.
Modesto Roma resistiu o quanto pôde, mas está perdendo Gabriel. Gabigol deve partir já nesta semana. Gabriel Jesus, só em janeiro. Também são estratégias diferentes e nenhuma segurança de chegar ao troféu.
Mas o Santos aposta que o jogo coletivo pode superar a ausência do craque. O Palmeiras sonha que o craque ultrapasse o limite de um time que não está sedimentado. Se futebol fosse matemática, o Santos seria campeão. Mas o Brasileirão é uma corrida com obstáculos que só será decidida nas últimas curvas.
É jornalista desde os 18. Cobriu as Copas de 1994, 1998, 2006, 2010 e 2014. Hoje, também é comentarista. Escreve aos domingos
e segundas-feiras.