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    PVC - Paulo Vinicius Coelho

    Atuação contra o Equador é o 1º passo para devolver seleção à torcida

    04/09/2016 02h00

    Tite abriu a entrevista coletiva antes do jogo contra o Equador com um sorriso. Na segunda pergunta, procurou o repórter com o olhar. Ao localizá-lo, fez um sinal de positivo com o dedo polegar. Sorriu outra vez ao falar sobre sua ansiedade antes da estreia. "Estou em paz, porque as relações humanas, conviver, conhecer, falar com os jogadores, tudo aconteceu no decorrer dos dias."

    Parecem gestos simples, mas o que mais faltou nos últimos dois anos foram as boas relações humanas. A primeira semana de Tite humanizou a seleção.

    As conversas entre a comissão técnica e os jogadores ficaram mais frequentes nos quatro dias em Quito. Mas começaram antes.

    Na véspera do jogo, um integrante da comissão técnica explicou por que Paulinho foi escolhido para começar a partida. "Não é pela bola parada, mas por sua qualidade... Pelo jogo... pela característica... pelo momento físico e técnico".

    Por mais que o volante campeão mundial pelo Corinthians seja uma convocação criticada, a noção de que poderia ser útil foi fruto de conversas. Tite dialogou com técnicos de clubes e ouviu tudo o que pôde sobre o trabalho anterior de Dunga.

    Não desperdiçou nenhuma experiência. Nem sequer de Zagallo. Foi visitar o técnico do tri e ouviu conselhos. O principal, escalar jogadores onde gostam de jogar.

    É o caso de Marcelo. Seguro na defesa e decisivo no ataque, como no passe para Gabriel Jesus marcar seu primeiro gol pela seleção principal. Entre Dunga e Marcelo, sempre havia uma faísca. Na estreia de Tite, havia uma luz.

    O sorriso, o polegar levantado, a resposta com educação... Todas são diferenças em comparação com as últimas seleções. O comportamento de Tite e a atuação contra o Equador significam o primeiro passo de um processo necessário de devolução da seleção brasileira a quem ela pertence: a torcida.

    Há o auxílio oferecido pela medalha de ouro da Olimpíada e pelas convocações de referências de clubes daqui. Alisson era do Inter até dois meses atrás. Gabriel Jesus ainda é do Palmeiras. Fazia 12 anos que ninguém estreava na seleção com dois gols –Roger marcou em um amistoso contra o Haiti em 2004.

    Mudou!

    Não se está falando aqui só do futebol. Contra o Equador, o primeiro tempo foi valente. O segundo, excelente. Contra a Colômbia, também será muito difícil e é preciso vencer, mais do que oferecer espetáculo. É hora de entrar na zona de classificação para a Copa.

    A qualidade vai melhorar pouco a pouco, à medida em que a confiança volte e o trabalho avance. Antes disso, a nova comissão técnica não parece estar fazendo favor ao dar declarações ou relatos de seus planos.

    Também não tenta impor ordens aos jogadores como se fossem garotinhos. Hoje são homens e estrelas de grandes times europeus. É preciso convencê-los com argumentos. "Sempre tivemos como premissa ter um bom ambiente", diz o assistente Cléber Xavier.
    Foi assim no Grêmio campeão da Copa do Brasil, no Internacional campeão da Copa Sul-Americana, no Corinthians campeão mundial.

    Tite ensaia conseguir isso nas primeiras semanas de trabalho. O primeiro sinal foi ver uma equipe comprometida com a virada na tabela das eliminatórias.

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    pvc

    É jornalista desde os 18. Cobriu as Copas de 1994, 1998, 2006, 2010 e 2014. Hoje, também é comentarista. Escreve aos domingos
    e segundas-feiras.

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